'/> ·ï¡÷¡ï· V I D A Humana·ï¡÷¡ï·: Jesus e os servos de Deus.

janeiro 26, 2011

Jesus e os servos de Deus.

Um pesado temporal desabou sobre o lago. De todos os lados soprava um vendaval. Quase ao mesmo tempo faiscavam os relâmpagos e o trovão retumbava sem intervalo.

Apressadamente, os discípulos procuraram alcançar um abrigo, antes que se desencadeasse a chuva que prometia ser grossa e pesada. Alguns deles se amedrontaram ante a fúria dos elementos.

No meio da estrada, numa pequena elevação a que eles subiram, estava Jesus que olhava embevecido as ondas que bramiam lá embaixo, o balançar das árvores da encosta e o turbilhão de areia que se levantava para o alto.

Sereno e satisfeito, disse Jesus:

- Servos de Deus estão em atividade. Eles purificam o ar.

Começando a cair a chuva com os seus primeiros pingos grossos, os discípulos pediram a Jesus que se recolhesse ao abrigo, ao que ele atendeu, embora não fosse esse o seu desejo. De bom grado teria ficado fora, mesmo porque a chuva impetuosa que desabou, fez desaparecer a poeira que o vento levantou no ar, permitindo assim que se visse os singulares quadros que sobre as águas se formavam.

Na cabana em que se abrigaram e cujos moradores certamente estavam nos campos, estavam sentados os discípulos, quando um deles perguntou a Jesus:

- Ainda Há pouco disseste: “Servos de Deus estão em atividade”. A quem te referias, Senhor?

Jesus, virando-se para quem o interrogava, respondeu:

- Não conheces as palavras do salmo: “Tu que transformas Teus anjos em ventos e Teus servos em flamas de fogo”?. Com isso Davi disse o mesmo que eu.

- Jamais pude compreender essas palavras, disse Tomé, manifestando o desejo de um esclarecimento.

Atendendo-o prontamente, o Mestre explicou-lhe que tudo quanto os homens denominam “natureza”, é preenchido por servos do Todo-poderoso, os quais atuam obedecendo em tudo à vontade Dele e cumprindo Seus mandamentos. Os discípulos que já tinham algum conhecimento disso, ante uma tão clara explicação, deixaram de temer a tormenta que não lhes pareceu mais tão temível, por ser a atuação dos servos de Deus.

De súbito cai nas proximidades um raio que a todos atordoa e fora ouve-se, em meio ao furor da tempestade, gritos de aflição de gente desamparada. Jesus chegando à porta da cabana chamou os discípulos para perto de si. Não longe dali incendiava-se uma casa atingida pelo raio.

- Senhor, balbuciou Tomé abalado, também isso foi praticado pelos servos, por ordem de Deus?

- Se nós já ouvimos que eles nada fazem sem a Vontade de Deus, falou Judas precipitadamente, assim, pois, deve Ele ter desejado que acontecesse.

Se estavam certas as suas palavras, o tom com que foram ditas denunciava que a Judas faltava a convicção íntima.

Jesus, elevando para o alto o olhar, disse em voz baixa, para que ninguém o ouvisse:

- Pai, se me fosse permitido mostrar-lhes de maneira que eles pudessem crer!

Em seguida convidou os discípulos a acompanhá-lo à casa incendiada. A chuva abrandara e talvez pudessem prestar algum socorro. Mas quando lá chegaram, nada mais havia por fazer. O fogo tinha devorado tudo e as chamas já se extinguiram. Observando-se o que restava do incêndio, constatava-se a grandiosidade da propriedade. Por toda a parte estavam caídas vigas carbonizadas e espalhavam-se objetos meio queimados. À volta dos escombros, reunidos em pequenos grupos, estavam os vizinhos solícitos e, isolado deles, um homem fixava ao longe seu olhar desconsolado. Perto dele, sentada, sua mulher chorava desesperadamente. Um cachorro procurava acercar-se dela, porém ela afastou-o delicadamente.

Bondosamente Jesus se aproximou de ambos. Comovera-se ao vê-los abandonados e entregues a sua desdita. Notando sua aproximação, disse-lhe o homem, mal o encarando.

- Forasteiro, segue teu caminho. Não te preocupes comigo. Eu sofro o que mereço.

- Que queres dizer, meu amigo? Perguntou-lhe Jesus bondosamente, enquanto os discípulos escutavam atentamente.

O homem não respondeu. Parecia não querer expandir-se. Jesus não quis insistir, embora sentisse haver encontrado ali o que solicitara a Deus para poder elucidar os discípulos.

Retirando-se, disse Jesus, despedindo-se:

- Se sabes que não sofres sem culpa, deixa que o sofrimento se transforme em benção.

Então a mulher, levantando a cabeça e fixando Jesus, exclamou:

- Senhor! Que dizes? Transformar o sofrimento em benção? Será isso possível?

- Que significado teria então o sofrimento? Perguntou Jesus firmemente. Deus não castiga por prazer, mas para que os homens aprendam e se modifiquem. Se assim o entenderdes, Sua benção vos retornará. É o que vos desejo.

Nas últimas palavras transparecia qualquer coisa da própria personalidade de Jesus e todos sentiram que o desejo do Mestre já era quase uma benção. O desalentado casal quis retê-lo e o homem que há poucos momentos se mostrara tão reservado, queria contar-lhe toda a sua triste história, e contou:

Irregularmente ele havia adquirido aquela casa e os campos. Perante os homens ele conseguia se justificar, embora sempre houvesse desconfiança a respeito. Intimamente, contudo, sua consciência o atormentava e não lograva ter paz de espírito. Sua mulher, que ignorava os seus atos reprováveis, pouco a pouco foi se inteirando de tudo pelos comentários dos vizinhos e conhecidos.

Ao desencadear-se a tempestade, exigindo explicação, ela disse-lhe que não podia mais viver a seu lado se ele não confessasse as irregularidades praticadas de que ouvira falar. Procurasse ele reconhecer os erros praticados e juntos, os dois, procurariam redimi-los. Tudo ela suportaria, menos essa penosa incerteza.

- Mas eu não podia humilhar-me perante ela. Julguei que se negasse peremptoriamente, ela ficaria em paz e talvez, então, eu pudesse secretamente me iniciar na prática do bem. A isto replicou minha mulher:

“Deus no céu sabe o que fizestes! Dele nada poderás ocultar!”.

- Eu então encolerizei-me e exclamei: se existe um Deus e se ele sabe que pratiquei o mal, que caia um raio sobre esta casa! Apenas falei, caiu o fogo do céu.

Abalados, todos escutavam o homem que continuou:

- Não lamento haver perdido uma fortuna irregularmente adquirida. Sou jovem e posso trabalhar para indenizar aqueles que ludibriei. Minha mulher me auxiliará e havemos de viver melhor do que estes últimos anos. O que eu blasfemei contra Deus, nunca mais poderei desfazer; isso me leva ao desespero.

- Não podes desfazer o que fizestes – soou a voz suave do Mestre, em meio de tanta angústia, foi para todos como uma voz descida das Alturas.

- Não podes desfazer, contudo, sabes o que fizestes e te arrependeste, e Deus se alegra com os pecadores que fazem penitência. Aceita o teu fardo e suporta-o com fervor e paciência, confiando em Deus que te resgatará da culpa com que te sobrecarregaste.

- Senhor, que dizes? Balbuciou o homem quase sem se poder conter. Poderia Deus, o Altíssimo, perdoar semelhante culpa?

- Ela está perdoada. Não reincidas no erro e jamais esqueças o dia de hoje. Segura a mão de Deus e deixa que Ela te guie. Então, desta desolação florescerá a benção.

A chuva parou. Curiosos, os vizinhos tinham-se aproximado, desejosos de ouvir o que dizia aquele desconhecido. Jesus, então, despediu-se do casal e encaminhou-se para a estrada, seguido pelos discípulos. Em silêncio caminharam um longo trecho. Profundamente os atingira a resposta de Deus à pergunta que haviam formulado. Jesus, no entanto, agradeceu ao Pai e seu coração alegrou-se por causa dos seus.

Finalmente, falou João:

- Senhor, também nós jamais esqueceremos este dia. Para nós, ele se tornará também uma benção.

 
Retirado de "O livro de Jesus - O Amor de Deus".
- http://www.graal.org.br/livro.php?id=1032


O texto acima deu margem para uma conversa ocorrida no site Orkut.



Ricardo.

Eu já li o livro Jesus o amor de Deus, ao ler agora o que o Allan escreveu senti alegria pela passagem que escolheu. Efetivamente, o conhecimento dos enteais coloca-nos numa postura diante dos acontecimentos naturais, que para qualquer pessoa estranha a isso, confunde. Felizes os que têm conhecimento e não os relegam para as histórias infantis ou para a mitologia.


Allan R. Régis.

“eu achava que ter um dia sabido da existência da intuição, eu tivesse me tornado intuitivo só de saber”

Gerson, tópico “temporais”.


“- Se sabes que não sofres sem culpa, deixa que o sofrimento se transforme em benção.”
Deste tópico.

As vezes parece que sabemos o significado de algumas palavras. O dicionário até as explica, em parte... mas só em parte... o real significado de algumas palavras não cabe em um livro...

A palavra “caos”, por exemplo, tem as seguintes explicações:

-confusão de todos os elementos, antes de se formar o mundo;
-grande desordem;
-babel;,balbúrdia.

Uma coisa é ler sobre o “caos”, onde se tenta memorizar o sentido, outra bem diferente é vivência-lo, sentir na pela essa desordem, a balbúrdia.

É como com a lei da reciprocidade... aceitar a lógica do funcionamento desta lei, enquanto não se sente de forma intensa os seus efeitos, é algo diferente do que ocorre ao se estar sobre este efeito. Claro que este “sentir” é relativo e não quero questioná-lo, mas, aqui, foco em coisas grandes, grandes por envolverem muitas, mas muitas pessoas...

Aceitar a lógica nada tem a ver com compreender a lógica...

Nossas crenças são testadas fortemente em momentos de dor.

Imaginemos apenas alguém que acredite na reciprocidade, se sair na rua e quebrar a perna, não dará gargalhadas de contentamento por estar resgatando seu carma... no momento em que os efeitos nos tocam, eles doem, e algumas vezes, doem muito...

“deixa que o sofrimento se transforme em benção”

Nosso tempo terrestre passa rápido e algumas vezes existe entulho demais impedindo o caminho da felicidade. Curioso que eu mesmo escrevi sobre esta imagem no tópico “Temporais” e mantenho o que lá escrevi, pois na desgraça, no momento da dor é possível perceber quanto lixo sai de nossas vidas... Em casos assim é mais fácil “deixar o sofrimento se transformar em benção”.

Mas existem casos em que aquilo que se perde não pode ser simplesmente chamado de lixo, entulho...

Alguns amigos, alguns “inimigos”, no momento da dor são apenas seres humanos e nada mais...

Lágrimas também dão o que pensar... há significados tão diferentes e extremos... podem ser de alegria por se continuar vivo ou por estar vivo alguém de que se goste, mas podem também ser de tristeza pela morte... e tudo isto em uma lágrima!

No livro “Exortações”,  na dissertação “Páscoa de 1934”, página 112-113, existe uma passagem que já me deu muito o que pensar, ela segue abaixo:

“Deverão vir antes vendavais, porém, os febris tremores depuradores, terão primeiro que penetrar tudo, a fim de ceifar o antigo, antes que o novo possa surgir, e vós, que deveis tornar-vos capazes de exsurgir disso tudo, necessitais da graça divina para poder-vos reerguer, quando, após todos os vendavais, o novo sol vos chamar para a nova vida!

Sentireis sensações milagrosas em vossa alma. Cansados ao ponto de um bem aventurado perecer e, apesar disso, novamente fortalecidos por inenarrável força, tímidos e destemidos simultâneamente, tristes e assim mesmo cheios de alegria. Assim como após as violentas tormentas resplandecem, refulgentes, derradeiras gotas sobre as flores e a grama, quais magníficos cristais, da mesma forma as lágrimas ardentes, das almas que choram na amargura, tornar-se-ão, de repente, quais diamantes refulgentes para o adorno da mais pura alegria e da mais sincera gratidão!

Jubilareis chorando e erguer-vos-eis no fulgor resplandecente do amor de vosso Deus! Assim vos sentireis após o Juízo!"

"tímidos e destemidos simultaneamente, tristes e assim mesmo cheios de alegria".

Já refleti muito sobre como, exatamente, poderia alguém sentir sensações tão diversas, acredito que hoje eu esteja mais próximo da compreensão. Me parece que “tímidos” se refira aquilo que sentimos diante da grandeza do acontecimento, que nos faz reconhecer em meio as catástrofes Quem possui a Força. “Destemidos” por tal reconhecimento estimular nossa confiança, justamente pelo reconhecimento da grandeza dos efeitos desta Força. “Tristes” por saber que não precisaríamos amadurecer por via de dores e sofrimentos, bastaria uma atuação diferente para construir um outro caminho. “Alegres” por ante toda a desgraça, ter conseguido subsistir e reconhecer nos efeitos a Justiça de Deus.

"Não reincidas no erro e jamais esqueças o dia de hoje. Segura a mão de Deus e deixa que Ela te guie. Então, desta desolação florescerá a benção".

Eu também pensei que por “saber” a respeito de algo eu o tivesse compreendido... já “sabia” que a única maneira de amadurecer é através da vivência... mas aprendi que não existe nada mais duro que a obrigação de vivenciar...

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