'/> ·ï¡÷¡ï· V I D A Humana·ï¡÷¡ï·: "...não se faz copa do mundo com hospital!"

abril 05, 2020

"...não se faz copa do mundo com hospital!"



De que outro modo posso compreender as limitações de um tempo, se não através do exame do passado, na tentativa de rastrear origens?

No cenário brasileiro atual, em que precisamos lidar com os efeitos que a pandemia causada pelo vírus chinês vem impondo, é exigido do governo federal (e todos os outros níveis) ações coerentes e eficazes, que não apenas minimizem o efeito sócio econômico, mas permitam que cada cidadão mantenha a esperança, em um sentido mais amplo, quanto ao futuro.

Se considero um exame sobre o passado, o que procuro não é somente entender o contexto daquelas ações, tão importante quanto, é desenvolver a capacidade de racionar projetando efeitos sobre aquilo que a memória nos traz.

O encadeamento de efeitos nos permite reconhecer cenários de ações possíveis e impossíveis, desnudando com clareza e simplicidade o que causa certas limitações e o que, em prazo curto e longo pode e deve ser considerado.

Por exemplo, limitações no campo da saúde não podem ser consideradas somente pelo momento atual,como se este momento não tivesse um passado. Como se a dificuldade deste momento não estivesse entrelaçada com ações de gestões anteriores. Como se tudo acontecesse em universos separados e ininfluenciáveis.

Não importa muito se alguma corrente da "nova era", usando de modo confuso conceitos de mecânica quântica, acredite que causas e efeitos não existem e tudo é permeável a ponto de o presente não apenas construir um futuro possível, mas agir reconstruindo o passado, alterando os efeitos de ações livremente tomadas. Como se as ideias de evolução e desenvolvimento não mostrassem uma sequência linear de acontecimentos.

Basta olhar a própria vida para notar que aquele bebe que cada um de nós em algum momento foi, não corresponde exatamente aquilo que cada um de nós objetivamente é neste momento da leitura. Não se trata aqui de um potencial latente, se trata de uma ação afirmativa consciente que faz valer cada atitude no decorrer de seu período de vida, de modo que hoje consegue, no mínimo, atuar distintamente do que poderia quando ainda criança. É esse cumulativo processo de encadeamento de causas e efeitos o gerador continuo de sempre novas causas e efeitos.

Se é assim no processo de desenvolvimento de cada um, por qual razão seria diferente no desenvolvimento de uma nação? Se na vida particular o passado tem seu poder de influência, faz algum sentido enxergar o momento atual de uma nação, suas limitações, sem trazer a baila seu passado?

Ignorar a perspectiva histórica é uma neurose, pois não existe correção formal em um racionar que esteja protegido pela própria ignorância contra a percepção da falsidade das premissas. Em casos assim não há muito que possa ser feito no sentido de argumentar, a única coisa possível é transmitir informações.

Este texto faz parte de em pequeno ensaio em que, cada parte, focando em seus próprios temas, lança luz sobre uma enorme quantidade de investimentos e empreendimentos feitos por gestões anteriores (PT - Lula, Dilma), cada um contribuiu na construção das limitações atuais com as quais a atual gestão (Bolsonaro) tem de lidar. Assim sendo, qualquer exigência de investimentos, seja em que área for, quando desvinculada do reconhecimento dos efeitos limitantes diretos de tais "investimentos" anteriores é mero discurso demagógico. É palavra vazia.

1 - Copa do Mundo 2014 .

2 - BNDES e outros bichos.

3 - Denúncias de Palloci.

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PRA ONDE FOI O DINHEIRO?

"...não se faz copa do mundo com hospital!"

(1) Arena da Amazônia.

1.1- Custo de R$ 623 milhões.

1.2- Arena da Amazônia atinge custo mensal de R$ 1 milhão. 21/03/2019.

(2) Arena Pantanal.

2.1- Custo de R$ 646 milhões.

2.2- Governo estadual já gastou R$ 300mil para adequar Arena Pantanal. 03/05/2019.

2.3- Quatro anos após a Copa, Arena Pantanal não dá lucro. 04/06/2018.

(3) Arena Corinthians.

3.1- Custo de R$ 1.150 bilhão.

3.2- Como a Arena foi de sonho a problema financeiro para Corinthians. 22/09/2019

3.3- Caixa pede bloqueio das contas da Arena Itaquera por dívida do estádio. 02/10/2019

(4) Estádio Nacional de Brasília.

4.1- Custo de R$ 1.778 bilhão.

4.2- Estádio mais caro da Copa deve levar mil anos para recuperar custo ao DF.

O estádio Mané Garrincha, propagandeado pelo governo federal e pelo Distrito Federal como um exemplo de sucesso de público e renda, pode levar até cerca de mil anos para recuperar aos cofres do DF o valor investido na obra...

(5) Que legado a Copa nos deixa? 22/07/2014

Na ponta negativa ficou o legado urbanístico e de infraestrutura. O jornal Folha de S.Paulo analisou 167 obras prometidas para o Mundial, das quais apenas 88 (ou seja, pouco mais da metade) foram entregues a tempo. Outras 45 foram entregues, mas não estavam completas; 23 serão executadas apenas agora que a Copa já terminou, e 11 foram simplesmente descartadas. A Gazeta do Povo tinha publicado, em 2009, a lista de obras com as quais Curitiba buscou (e conseguiu) convencer a organização da Copa a trazer jogos para a cidade. Eram 16 itens, a maioria dos quais não saiu do papel, como a reforma da Avenida Cândido de Abreu. O carro-chefe da campanha curitibana era o metrô, mas ele só ficará pronto muito depois da Copa.

...a Copa nos mostrou, de forma escancarada e em uma dimensão que talvez nunca tenhamos visto antes, nossos problemas de planejamento. Os estádios são o exemplo acabado dessa situação. Em 2007, Lula e seu então ministro do Esporte, Orlando Silva, juravam que não haveria um centavo de dinheiro público nas arenas. Não foi o que aconteceu: não apenas faltou um plano para realmente envolver a iniciativa privada, como no fim todos os estádios contaram com porções mais ou menos generosas de dinheiro do governo federal � por meio de empréstimos a juros camaradas �, dos governos estaduais e de prefeituras. O poder público muitas vezes foi feito refém, tendo de despejar mais e mais dinheiro nos estádios (no total, foram R$ 8 bilhões) para evitar um vexame na Copa. Outras obras foram feitas às pressas, o que resultou, por exemplo, na tragédia do viaduto que desabou em Belo Horizonte, matando duas pessoas.

(6) Estádios vazios e obras inacabadas: o legado da Copa. 12/06/2015

Quando a construção e reforma de 12 estádios espalhados pelo Brasil foi anunciada, a justificativa era de que modernizariam o futebol brasileiro e atrairiam mais torcedores para os campeonatos regionais. As novas arenas – que, de fato, são modernas – custaram cerca de 8,4 bilhões de reais, 184% a mais do que o estimado inicialmente

Em pelo menos quatro estádios, a alcunha de elefantes brancos já estava predestinada antes mesmo do início da construção. Isto porque Natal, Manaus, Cuiabá e Brasília não têm um campeonato de futebol forte o suficiente para atrair torcedores para os mais de 40 mil lugares disponíveis nas arquibancadas.

Na época da Copa, muito se criticou o fato de as obras de mobilidade urbana - as mais aguardadas e as que poderiam de fato ter impacto na vida dos brasileiros - não terem ficado prontas a tempo. Um ano depois, pouca coisa mudou. Na Matriz de Responsabilidades havia 44 obras previstas.

No entanto, os enormes gastos do governo, o atraso na entrega das obras e o alto custo para a população continuam chamando a atenção da imprensa estrangeira. ... a rádio pública americana NPR disse que, embora a festa da Copa tenha acabado faz tempo, o Brasil ainda está lidando com uma ressaca em forma estádios elefantes brancos e obras de infraestrutura inacabadas. Tudo isso ao mesmo tempo em que o país lida com escândalos de corrupção, ajuste fiscal e se prepara para receber os Jogos Olímpicos no ano que vem.

(7) Três anos após início da Copa, ‘elefantes brancos’ servem até de escola para reduzir prejuízo. 12/06/2017

A estimativa é que os cinco "elefantes brancos" citados acima dão um prejuízo anual aos cofres públicos de mais de R$ 30 milhões.

(8) O desastrosos legado da Copa do Mundo de futebol 2014. 14/06/2018

"A megalomaníaca proposta de fazer ou reformar 12 estádios de futebol para a Copa do Mundo de 2014 só se justifica pelo interesse daqueles políticos e empreiteiros que visavam lucrar com a corrupção das obras superfaturadas. Cidades com Manaus, Cuiabá, Brasília e Natal nem possuem times na primeira divisão do campeonato brasileiro. As obras feitas estão ociosas, as obras inacabadas dão prejuízos e transtornos e toda a população brasileira"...

Começou o circo da Copa do Mundo de Futebol, desta vez na Rússia. Quatro anos depois da última Copa (aquela famosa pelo 7X1), o Brasil está em pior situação econômica, vive um caos político e ainda está pagando pelos “elefantes brancos” que começou a construir, convive com obras inacabadas e ainda investiga a corrupção que favoreceu os espertos que souberam manipular o futebol como ópio do povo e capitalizar o mito do país do futebol de drible e ginga fáceis.

O governo vendeu a ideia de que os grandes eventos – Copa do Mundo e Olimpíada – seriam uma forma de reafirmar o desenvolvimento nacional e mostrar ao mundo que o Brasil estava preparado para ser a 4ª potência mundial. O próximo passo seria participar do Conselho de Segurança da ONU, como membro permanente ao lado de EUA, China, Rússia, Reino Unido e França (todos potências nucleares). O Brasil até começou a fazer um submarino movido a propulsão nuclear para poder navegar de forma pujante no mar das elites nucleares e defender as riquezas do pré-sal (nosso passaporte para o futuro) das ameaças da ganância imperialista.

Mas como disse o ensaísta inglês Samuel Johnson(1709-1784): “O patriotismo é o último refúgio do canalha”.

Em 2015 estourou o escândalo da Fifa, quando 7 dirigentes da entidade máxima do futebol foram presos na Suíça, após serem acusados por suspeitas de corrupção envolvendo um montante de até US$ 150 milhões. A Fifa se mostrou uma das entidades mais corruptas do mundo. Três brasileiros foram implicados no esquema de corrupção, de acordo com o departamento de Justiça dos EUA. O ex-presidente da CBF José Maria Marin, José Hawilla, dono da Traffic Group (que morreu recentemente) e José Lazaro Margulies, proprietário das empresas Valente Corp. e Somerton Ltda. A CBF e a Fifa saíram com a imagem totalmente arranhadas e a população já percebe que há “algo de podre” no reino do futebol.

Outra revelação que veio a público recentemente foram os casos de abusos sexuais. Em campanha do Sindicato de Atletas de São Paulo, 33 atletas e ex-profissionais, entre eles Edu Dracena e Moisés (Palmeiras), Rodrigo Caio e Diego Lugano (São Paulo), Felipe (Porto-POR), Cicinho (Brasiliense) e Giovanni, ídolo do Santos na década de noventa, fazem um alerta sobre assédio e abuso sexual de crianças e adolescentes em categorias de base. Um vídeo com depoimentos dos jogadores e a hashtag #chegadeabuso é o primeiro passo da campanha, que deve se desdobrar em ações preventivas nos clubes ao longo do ano, segundo o jornal El País.

Quatro anos depois da Copa do Mundo de 2014, muitas verdades vieram à tona sobre o circo do futebol enquanto as promessas do Brasil grande foram afogadas em uma crise econômica sem precedentes. O déficit fiscal brasileiro é monstruoso e a dívida pública cresce de maneira explosiva. O país não tem dinheiro para investimento em infraestrutura e o desemprego atingiu níveis astronômicos. A violência é desesperadora. O exército que veio garantir a “paz” durante a Copa e a Olimpíada, agora voltou para fazer uma intervenção no Rio de Janeiro, que teve até a paralisação do trenzinho da Urca pela primeira vez na história.

Mas os interesses comerciais do “patriotismo canalha” (na expressão de Samuel Johnson) vão tentar fazer o povo brasileiro mergulhar no ufanismo do futebol tupiniquim e torcer mais uma vez para a “seleção canarinha” da “Pátria de chuteiras”, esquecendo que a Copa de 2014, foi um fracasso dentro e fora dos campos. Porém, a beleza do futebol está em reconhecer a vitória de quem joga melhor e mais bonito, sem a carga pesada da manipulação do nacionalismo idiota.

(09) É melhor demolir os estádios que só trazem prejuízo? 28/03/2019

Estudos mostram que nenhum estádio será sustentável se não receber pelo menos 30 partidas com bom público por ano. É preciso levar em conta também que, com o passar do tempo, a situação piora. O patrimônio vai se deteriorando e os custos de recuperação aumentam. Em dado momento, a melhor saída pode ser pôr tudo abaixo. “Quando fica provado que os custos de manutenção serão sempre maiores do que as projeções de receita, é preciso que se comece a discutir a possibilidade de demolição”, diz Pedro Daniel, líder da área de esportes da consultoria EY.

E quanto custaria a demolição de um estádio de futebol? Os valores variam muito, a depender da estrutura da obra, de suas características arquitetônicas e, claro, de sua dimensão. Em 2010, o governo do Amazonas gastou 32 milhões de reais para derrubar o Vivaldão, estádio que tinha capacidade para 43.000 pessoas. A implosão da antiga Fonte Nova, em Salvador, estádio para 80.000 pessoas e que também deu lugar a uma nova arena para a Copa, consumiu 35 milhões de reais.

(10) CBF usa 20% do dinheiro de legado da Copa-14 após Fifa descongelar repasse. 25/12/2019

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) gastou até agora R$ 49 milhões do dinheiro do legado da Copa do Mundo de 2014 — os dados são até 31 de outubro de 2019. A maior parte foi usada em infraestrutura, na base do futebol masculino e no futebol feminino em geral e representa pouco mais de 20% dos R$ 240 milhões que a entidade avalia que terá no total. A Fifa ainda não enviou todo o valor acordado quando o Brasil ganhou a sede do Mundial. Em janeiro de 2019 CBF e Fifa anunciaram o descongelamento dos US$ 100 milhões do legado, o dinheiro que a federação internacional reserva de seu lucro com a Copa para ser investido no país-sede. O repasse foi paralisado depois das denúncias.

O principal projeto do legado sempre foi a construção de centros de treinamento com foco na formação de jogadores nos 15 estados que não receberam partidas do Mundial-2014. Somente um até agora saiu do papel, em Belém do Pará, antes ainda das denúncias de corrupção estourarem. Em maio de 2015 dezenas de cartolas foram presos, inclusive o ex-presidente da CBF José Maria Marin. Após Marin ser preso e as acusações do departamento de Justiça dos EUA de que Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero, também ex-presidentes da CBF, participaram do recebimento de propinas para vender direitos comerciais de torneios de futebol no Brasil e na América do Sul, a Fifa decidiu reter o dinheiro do fundo, além de pagamentos ocasionais feitos à confederação como premiações por participações em campeonatos.

BÔNUS - O legado da Copa do Mundo na África do Sul. 30/10/2016.

Em um país onde mais de 40% das pessoas vivem com menos de US$ 2 ao dia, a Copa do Mundo deixou aos sul-africanos um legado de elefantes brancos: dez magníficos estádios de futebol, porém inúteis, criados apenas para o evento. Assim como no Brasil, na África do Sul o governo bancou a maior parte dos investimentos para a realização do torneio. Segundo dados oficiais, os gastos públicos chegaram a cerca de R$ 10 bilhões, incluindo apenas investimentos do governo federal. Prefeituras e governos das províncias investiram quase metade desse valor em obras de estádios e estruturas temporárias para a Copa.

A expectativa do governo na época era de que o torneio representaria um acréscimo de 3% no PIB (Produto Interno Bruto) do país. Segundo o diretor da Human Sciences Research Council, Udesh Pillay, um dos principais institutos de pesquisa da África do Sul, a meta não se confirmou. “O acréscimo no PIB foi de no máximo 0,3%, o que está longe de ser um valor significante pelos gastos feitos”, afirmou Pillay.

A FIFA, no entanto, só teve motivos para comemorar, pois viu o seu lucro com o Mundial de 2010 aumentar 48% em comparação com o torneio de 2006, na Alemanha. Na África do Sul, foram arrecadados R$ 8,9 bilhões. Descontadas as despesas, o lucro final foi de R$ 4,9 bilhões. Sediar o torneio pode não ter aumentado significativamente o PIB do país, mas deixou construções grandiosas espalhadas pelo território sul-africano. É difícil encontrar em qualquer lugar do mundo um estádio de futebol mais bonito que o da Cidade do Cabo. Erguido a um custo superior a 1 bilhão de reais, ele passa boa parte do ano absolutamente vazio e sem uso. Como a liga de futebol local não costuma atrair grandes públicos, seu aluguel fica caro demais para as equipes da cidade (Ajax Cape Town e Santos). Sobram para a arena alguns amistosos da seleção sul-africana e os shows de artistas internacionais

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