'/> ·ï¡÷¡ï· V I D A Humana·ï¡÷¡ï·: As três palavras...

janeiro 15, 2009

As três palavras...

Do livro “... e Jesus não voltará...” de Arnaldo Marcéu.
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Era noite alta e, na biblioteca, o silêncio foi rompido pela conversa que três palavras de um enorme dicionário mantinham após terem dele escorregado para fora.

Como de hábito, à noite, libertas do eventual risco do manuseio, as palavras do dicionário, como dos outros volumes, se sentiam à vontade para um bate papo informal. Então dele saíam e se punham sobre a estante a conversar.

Nessa ocasião, estavam reunidas sobre o móvel, as palavras VERDADE, CRENÇA e AMOR. Eu, sorrateiramente, velado pela escuridão quase plena do local, pus-me, em silêncio, a apreciar o que diziam.

Desde que descobrira que as palavras tinham esse peculiar hábito, pude, por várias vezes, fazer uma apreciação, à distância, desse fato. Foi essa oportunidade, a qual relato agora, uma das que mais me encantaram.

A primeira a falar foi a VERDADE. Sua voz era de indignação e somente com o decorrer dos pronunciamentos é que pode recuperar o domínio e a calma.

Assim ela dizia:

- Estou muito envergonhada! A cada oportunidade que alguém, em consulta, o que é raro, correndo o dedo indicador sobre a página onde moro, detém-se sobre mim, quase desfaleço de vergonha e raiva. Sinto-me aviltada, e quisera até que nunca tivessem me inventando, aliás, isso é que seria o ideal e até mesmo o correto.

Não é muito lisonjeiro, para os homens, que tenham me inventado. Se tivessem eles, se mantido de modo digno, nunca necessitariam terem me criado. Agora que assim o fizeram de nada adianta, pois, a mim, apenas se referem como algo amolecido, sem valor e, na maioria das vezes que o fazem, é para acobertar a minha rival, a mentira, a qual passaram a adotar em meu lugar; porém, descarada e dissimuladamente, pois o fazem de modo indireto, sem a nomearem.

Já repararam que cada vez que me pronunciam ou escrevem o meu nome, os homens precisam enfatizar, ajuntando outras palavras, como: “mesmo”, ou “para valer”, e tantas outras? E o pior é que continuam a laborar em suas contumazes mentiras, a despeito de terem me colocado na frente dessas afirmações sublinhadoras.

Para que sirvo eu então, se a cada vez que sou referida não expresso aquilo que realmente sou? E justamente por ser esse fato de domínio público, que passaram a adotar essa sublinhação ou enfatização, a cada vez que recorrem a mim. Isso é o motivo de minha vergonha; está mesmo insuportável. Se, por exemplo, usam-me para declarar que estão promovendo uma liquidação de artigos de uma loja qualquer, já me fazem ser acompanhada pelas indefectíveis palavras que tentam dar, a mim, o valor que realmente possuo. Não é um motivo para se envergonhar?

Reparem nos cartazes, eles dizem: “liquidação, de verdade!”, ou acrescentam: “mesmo!”.

Em outras ocasiões, vêem-se afirmações como, “mel puro; de verdade”, “podem confiar”. E, por vezes, podem me encontrar em anúncios que dizem, “esse é mesmo verdadeiro...”.

Ponderem um pouco comigo, se não fossem os homens empregarem tanto a mentira em seus cotidianos, poderiam até mesmo não ter-me criado. Acredito, que somente no fato de eu existir como palavra, já se expressa um demérito para os homens.

Identifica-os como mentirosos, pois eu seria completamente desnecessária, para uma sociedade que não empregasse a mentira. Vejam os Índios, por exemplo, não me conheciam, pois não usavam da mentira em suas conversas. E dizer que foram colocados aqui nesse mesmo dicionário como sinônimo de “selvagens”... Que paradoxo, justamente as criaturas que não mentem são identificadas como selvagens; “coisas de gente”... Arrematou, como que em desabafo.

Mas o que me deixa fula mesmo é quando alguém pergunta assim: “É verdade mesmo?” Afinal, para que servem as palavras? Creio que, no tocante aos homens, elas servem para camuflar o que lhes vai realmente no íntimo. Parece, para mim, que os homens usam das palavras, o tempo todo, apenas com o intuído de alcançarem seus desejos recônditos, por isso não servem elas para identificarem exatamente o que estariam dizendo. Nunca dizem a verdade, nunca demonstram o que realmente têm em sua mentes...

Reparem, seja no comércio, na indústria, na política, em família, em sociedade a até mesmo nas religiões, os homens vêm promovendo um malabarismo de intelectismos cada vez mais refinado, apenas para persistirem nesse hábito de não declararem, com simples naturalidade, aquilo que está em seus objetivos em relação aos demais. A mim chega a parecer que eles assinaram entre si um contrato, ao qual obedecem cegamente, de mentirem, uns aos outros e em todas as oportunidades que se lhes apresentem.

Se pretendem o dinheiro das pessoas, oferecem-lhes coisas ou prometem-lhes sucessos, mas dizem que as querem satisfazer em seus anseios, sejam físicos ou espirituais. Apresentam sempre as coisas de modo inverso do que a vera realidade os obrigaria a expressar.

Parecem estar constantemente preocupados com os outros, por isso é que lhes propõem as coisas ou bem-aventuranças que, na realidade, pretendem vender objetivando lucro terreno, como algo necessário para alcance de felicidade, mesmo no tocante ao espiritual.

Mas o que me deixa mais aborrecida é quanto ao uso da afirmação “verdadeiro”. Onde já se viu tamanha demonstração evidente de uma falha? Será que esses homens não se envergonham de dizer essa palavra quando expõem as suas mercadorias ou enfatizam falsamente algo de que pretendem dar aos seus testemunhos? Não entendo, francamente, como não se sentem vexados quando proferem tais afirmações.

Enfim, esse é o meu desabafo, minhas companheiras.

Assim terminou a VERDADE, por tecer os seus comentários sobre o uso que os homens estão promovendo em seus cotidianos, com a sua presença, na forma da palavra escrita ou falada. A segunda a comentar sobre si própria foi à palavra CRENÇA. Também ela tinha acres recriminações sobre o uso que os homens estariam fazendo de si.

- Olhe amiga Verdade, não somente consigo acontece tal coisa, pois comigo estão os homens fazendo algo parecido. Admitem usar-me, onde apenas deveriam, no máximo, comentar com certa discrição as suas pretensões em relação ao que afirmam crer.

No que crêem os homens afinal, para me usarem em suas exposições, a tordo e a direito? Crêem eles ao menos em si mesmos? Crêem eles em suas bases estruturais, tanto as sociais quanto as demais, as políticas, as religiosas, as familiares? Até mesmo no esporte, seja ele amador ou profissional, ou mesmo nas artes, os homens estão fraudando a mim, usando-me com desfaçatez inominável, quando, na realidade, apenas estão relatando sobre seus desejos, suas pretensões; veladas, na totalidade das vezes.

Crença. Afinal, o que pensam os homens que eu expresso? Um atabalhoado de mentiras ou de informações não complementadas poderiam ser tomadas como verdadeira CRENÇA? Desculpe-me a amiga Verdade, mas precisei também enfatizar a minha posição, ajuntando o auxílio da palavra verdadeira. Sinal dos tempos, perdoe-me.

Crêem em quê? Pode-se afirmar, com segurança, que não há uma só coisa que os homens realmente creiam.

No tocante as religiões, então, nem se fala. Os homens determinaram algumas regras, a que chamam de dogmas, ou de “imperscrutáveis caminhos do Senhor”,... E, assim, com bombásticas afirmações que não afirmam a nada, seguem com o estabelecimento de regulamentos que, convenientemente consubstanciados, chamam de religião.

Como é que poderia alguém afirmar ser realmente crente de algo a que não pode entender ou explicar? Aceitar convenientemente a essas imposições, como defesa de suas negligentes figuras é o que fazem, escudando-se em mim.

Chego a acreditar terem me inventado para justamente me colocarem no lugar daquilo que não conseguem entender; e por preguiça não procuraram por compreender como lhes seria possível aprender, caso seus anseios e propósitos fossem reais.

Muito convenientemente, como podem perceber. Mas, na realidade, o que expressam os homens com as suas afirmações, são as suas pretensões, suas amadas conveniências. Tais fiéis gostam de adorar a mim, como algo que lhes asseguraria uma tranqüilidade, em relação ao descuido com que tratam as coisas que se cinjam ao transcendental.

Na realidade, eles não crêem em nada, mas lhes convém dizerem-se crentes; supõem-se, desse modo pueril, salvos.

Para as organizações que vivem disso, as religiões e as paralelas, então, as coisas se tornam ainda mais flagrantemente torcidas. Também não crêem em nada, pois não se poderia pretender que cressem em algo que não conseguem explicar, no entanto, por lhes convir, propagam-na como via de conquistar de fé.

Um escudo é o que realmente sou para esses homens mentirosos e, negligentes.
Mas como é que pretendem levar avante tal coisa? Não percebem que o edifício de suas crenças, seja ele o da política, o da sociedade, da família ou da religião, por ser de alicerce falso, está para ruir? Por mais que o remendem com inovações, de nada adiantará, é lógico, pois a verdade não poderia ser modificada, se não, não seria a Verdade.- Isso mesmo! Assim é que é! Aparteou a Verdade, com efusivo prazer.

- Pois é – retornou a Crença – eles permanentemente inovam as suas regras e ensinamentos; ora, se expressassem eles realmente a verdade, não poderiam e não precisariam fazê-lo, por não ser necessário e nem mesmo possível de serem modificados. Os conceitos e regras que eles dispõem como perfeitos evidentemente não o são, posto que o que já é perfeito não cabe modificar.

Mas eu não sou essa inútil que me querem transformar, pois, se quisessem, os homens poderiam conquistar a real crença, aquela que emanaria de uma convicção. Mas, para serem convictos, precisariam adotar uma postura totalmente oposta a que estão exercendo, teriam que partir de uma determinação íntima de entenderem a tudo o que está ao seu redor, ou seja, o universo de seu mundo perceptível.

Se houvesse uma crença convicta quanto a uma ideologia política, por exemplo, como se poderia explicar ou aceitar as repentinas e convenientes alianças de partidos oponentes? É claro que não há convicção nessas rápidas transformações, e quanto ás regras e ensinamentos e costumes das religiões, por que se metamorfoseiam tanto? Necessitam faze-lo, pois há interesses em conquistar, com modernismos, o maior número de adeptos. Se estão se transformando, é porque não são definitivos, verdadeiros, definidos e corretos, é lógico.

A natureza, em sua permanente, imutável mesmo, movimentação uniforme, é absolutamente previsível, expressa as Leis que determinam o harmônico funcionamento de tudo o que lhe concerne. Por que os homens não buscam a real crença, a partir de uma convicção que poderiam objetivar, através da observação atenta dessas Leis?

Ora, - continuou a Crença a falar - não o fazem, por não ser conveniente para as suas preguiçosas figuras... O que lhes convém é adotar uma posição de crentes, mas crentes de qualquer coisa, pois nada lhes é exigido, além de se intitularem apenas e tão somente, “crentes”; pois caso adotassem o que a mãe natureza mostra, teriam que se transformar em atuantes e fidedignos e não mais nos dissimulados que são.

Será que Aquele que deu possibilidade à formação dos mundos, em Sua demonstrada perfeição, teria falhado tanto, justamente no remate? Teria Ele deixado que tudo acontecesse, sem uma razão maior, como se tudo fosse criado apenas para o Seu eventual gáudio ou entretenimento? Onde então a perfeição? É claro que Ele aguarda algo das suas criaturas, mas nunca pode ser, essa reciprocidade pelos céus esperada, a de se contentar que os homens se digam ser, apenas crentes...

Crentes em que? Em si próprios?

Todo aquele que afirma ser crente em algo, deveria estar inteiramente capacitado a dizer no que crê. Esse não é o caso que assistimos atualmente, o que vemos, é uma figura humana que, em teatral contorcer de membros ou de olhos, busca expressar aquilo que não sente, pois não encontra onde se apoiar em seu intimo.

Alguns dizem-se crentes nas estruturas familiares, e no entanto deixam claro que as uniões se baseiam, atualmente, também, em conveniências. Enfim, acho que já lhes dei a idéia de minha insatisfação e por que ela existe.

Foi então a vez da palavra AMOR, que assim desabafou:

- Creio que sofremos todas, os efeitos do mesmo mal. Esse mal, se chama homem. É claro que nós fomos criadas para uso dos homens, mas no que se transformaram eles? E, em decorrência, vejam no que tentam eles nos transformarem. Somos inexpressíveis sons, que se misturam em desarmoniosas frases que nada explicam, pois tão aviltadas já estamos, que perdemos o real significado de nossa expressão.

Comigo, acho que a coisa foi ainda pior do que com vocês. Eu, que deveria expressar aquilo que de mais belo o homem poderia verbalizar ou atuar, fui transformada no lixo, na escória dos seus desejos mais baixos, aqueles que os homens buscam de modo doentio. Transformaram-me, desse modo, em sinônimo de relação carnal; vejam a que ponto me levaram! Poderia alguma coisa ser mais aviltada do que isso?

Uma coisa é verdade, nunca os homens falaram tanto em mim, quanto falam atualmente e, no entanto, nunca estiveram mais longe de me perceberem ou mesmo de me designarem, ainda que em literatura, arte e tudo o mais.

Por esse falso amor, as pessoas agora até mesmo aceitam o assassínio. Pode alguém, em sã consciência, aceitar tal coisa? E as guerras, não estão no mesmo foco distorcido de entendimento do que venha a ser amor? Há até mesmo as guerras “santas”, imaginem! Alegando “amor” ao Criador; matam... Como sabem esconder mal as suas pretensões de cobiça e inveja... Essa, sim, é a grande geradora das “guerras santas”.

O amor, mesmo na família, hoje em dia, é mero arremedo, uma pálida caricatura do que seja realmente amar. O amar ao próximo, esse então, somente é proferido em embargadas palavras pelos pseudocrístãos, pois, na realidade, não está o amor presente em nenhuma das oportunidades em que se o decante em verso e prosa.

Os políticos, o que prometem e fazem por "amor" ao povo... Ah, isso dá até nojo de comentar, permitam-me que me abstenha desse lodaçal.

Os religiosos, aqueles que se dizem adoradores do Senhor, na realidade como é que procedem em suas atuações terrenas, com amor?

Filhos que desejam que os pais morram, para herdarem os seus bens; mães que se dedicam às suas objetivações materiais também se intitulam amorosas. Esse é o retrato da atual família que se "ama".

Os casamentos então, esses são a demonstração clara de como transformaram a mim, nessa coisa material, pequena, sem vida... Casa-se, por dinheiro, por querer livrar-se do jugo paterno, por desejar uma vida mais amena ou até mesmo de ócio, ou por desejo sexual; por que é ela, ou ele, apresentável, bonita, charmosa; porque "tem futuro", porque iria cuidar bem das coisas da casa, enfim, tudo é validamente colocado falsamente, no lugar do real amor.

Atualmente, depois de assim em erro agirem por tanto tempo, distorceram a tal ponto a palavra e o que ela designa que não se percebem mais em erro. Alegam amor, onde pretendem conveniência e, obviamente, sempre de cunho material. O dever, o amor à Pátria, também já se enquadra nesse mesmo tacanho entendimento apequenado dos interesses em materialidades e conveniências; que, como disse, são a base fomentadora das guerras, as veladas invejas, camufladas em chavões de palavras que abrigam a falsidade.- Dá licença para uma pergunta? disse a palavra Crença. – Pode fazê-la, respondeu a palavra Amor.

- É o seguinte, quando eu falei de minhas agruras, que são aproximadamente as de vocês também, eu disse o que seria o correto, ou seja, o que quer dizer a palavra crença, em seu real sentido. Pode você fazer o mesmo?

- Sim, acho até boa idéia, pois assim eu identifico a algo que já está de há muito perdido para a humanidade: o verdadeiro amor. Desculpe-me a palavra, Verdade, mas agora é necessária a enfatização, pois não identifica-se mais o que venha a ser verdadeiro, caso não o salientemos.

Bem, voltando ao verdadeiro amor. Ele é sempre, invariavelmente, apenas, doador. O amor real não reivindica nunca nada para si mesmo, apenas se dá. É no dar que encontra aquele que verdadeiramente ama a sua mais alta recompensa. Gratifica o amor, ao seu doador, de modo diferente ao que os homens estão entendendo com relação a ele. O amor nada quer, nada pede, nada reivindica, nem mesmo em troca.

Não a troca, na relação de amor. O que acontece quando duas pessoas se amam verdadeiramente, é que ambas se sentem recompensadas, no ato de doarem-se. Há um intercâmbio automático, pois ambas estão se dando de forma integral e incondicional, portanto, ambas recebem, mas não é essa a básica intenção. Não há, pois, a intenção de troca, da compensação de valores, tão usual no dia-a-dia humano.

O amor é apenas doador. Ele cuida da criatura amada, com o máximo e altruístico desejo de se dar, de preservá-la de toda sorte de problemas e infortúnios. Quer, com sua intervenção, conseguir dar à criatura amada, tudo o que de melhor existir ou puder alcançar do ponto de vista maior, elevado, ou seja, conotado de espiritualidade. De outro lado, aquela que recebe essa atenção, igualmente deseja atuar de modo a ser o objeto amado, culminado de benefícios, de segurança, de felicidade e esforça-se em se tornar, na realidade, naquilo que a pessoa que o ama, pensa que ele já seja.

O elevar espiritual nasce desse fato. Os pais, que amam os filhos, cuidam que eles recebam também a tudo o que precisam, mas é necessário esclarecer que me refiro ao verdadeiro amor, então, é preciso que introduza uma colocação que geralmente é esquecida; O amor verdadeiro cuida que o ente amado tenha, por suas mãos, apenas e exclusivamente, o que é útil para sua vida. Quando me refiro à "vida", faço-o no modo real e abrangente, a verdadeira vida, a espiritual.

Esse amor amolecido em que tentam transformar o verdadeiro amor, não é capaz de abarcar tal grandeza de atuação. Supõem as pessoas que o amor real deva ser incondicional, apenas dar aquilo que o ente amado deseja. Isso não é verdadeiro. O amor real é aquele que cuida que o ente amado receba o que lhe é útil e, portanto, pode, por vezes, não ser o mais agradável ou o que esteja solicitando.

Mães e pais, que muitas vezes supõem serem amorosos com os seus filhos por lhes cumprirem as vontades estão errando, pois é necessário, como tudo o mais que se relacione ao verdadeiro amor, que cuidem que aquilo que estariam oferecendo seja realmente útil, para os filhos e em segundo lugar, porém, de imprescindível colocação; se estaria, com essa atitude, havendo um equilíbrio, ou seja, se há uma reciprocidade de esforços e interesses. Dar, apenas dar, não é amor verdadeiro. Deve-se levar em consideração e primeiro plano a investigação séria de que aquilo que se dará será realmente útil para aquele que receberá.

É como disse, o amor, conotado de equilíbrio; verificando se os filhos ou a esposa, ou o marido, estão cumprindo equilibradamente com a sua parte nas obrigações do conjunto familiar, quanto ao que se lhes ofertam em termos de esforços. Mas não com o intuito da reciprocidade e, sim, visando que eles se adeqüem a uma Lei férrea, magna, natural, que é a de que tudo que fazemos ou recebemos precisa ser equilibrado.

A máxima Cristã de que devemos amar até mesmo os inimigos, tão aviltada como de resto foi e é toda a interpretação das Palavras de Jesus, se aplica sob a luz desse entendimento mais arejado e pleno de que o útil, para aquele que nos prejudica, é que tratemos de fazer valer os nossos direitos, pois somente assim, desse modo, pode o nosso eventual inimigo ser levado ao que ele precisa, ou seja, o que lhe é útil, ainda que seja um processo, a prisão, a admoestação; enfim, a atitude que couber em cada caso. Somente assim, frente a uma reação justa e adequada, que esse inimigo poderá vir a ser acordado para uma adoção de atuação correta em relação aos terceiros. Amar aos inimigos é justamente dar a eles o que merecem, o que precisam, ou seja, a nossa atitude de reação justa, porém absolutamente ausente de ira e, sim, conotada de vero amor, amor à Verdade, a uma vida verdadeira no amplo sentido. Filhos que não trabalham, nem em casa nem fora, não devem ser cumulados de presentes, pois não há um equilíbrio em tal atitude. Na natureza, na "fala" do Criador está o ensinamento magno na Criação, a de que tudo é, nela, movimento. Movimento equilibrado e harmonioso, enfatizou.
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(Orkut) - Barca para Avalon.

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