'/> ·ï¡÷¡ï· V I D A Humana·ï¡÷¡ï·: A Aplicação.

agosto 09, 2009

A Aplicação.



Retirado do livro "Da Escola dos Conceitos", de autoria de Susanne Schwartzkopff.
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O que é ser aplicado ou aplicação, cada um acredita saber. Isto é algo tão simples e inequívoco, não é verdade? Ou será que não? Será que também aqui se imiscuiu algo no conceito, que o torceu e o deformou?


Vejamos: O que é realmente aplicação, o que podemos chamar como tal?

Há inúmeras espécies de aplicações entre os seres humanos. Este conceito reluz em muitas matizes. Então há uma tensa aplicação que, sob o emprego de toda a força, quer incondicionalmente alcançar um determinado objetivo que ele se impôs. Uma outra pessoa mostra uma aplicação apressada. Ela quer terminar tão rápido quanto possível, para então ter tempo de fazer aquilo que mais lhe atrai do que a obrigação imposta. Novamente outro se atormenta com uma penosa aplicação. Ele se esgueira entediado, sem alegria pelo trabalho. Feito ele deve ser, mas alegria ele não lhe causa.

Ainda existem muitas espécies de aplicação: a obstinada aplicação que luta doentiamente pelo sucesso, pelo reconhecimento; a cobiçosa aplicação que deseja obter tanto e tão rápido quanto possível. Há até uma indolente aplicação. Esta é uma aplicação que só faz assim como se somente ela se esforçasse, que habilmente coloca o manto do trabalho ativo sobre os ombros; e aqui já chegamos à mentira.


Tudo isso não pode ser o certo. Será que deveríamos olhar mais longe ao redor na vida humana? E será que não acharíamos algo de bom em tantas pessoas "aplicadas", as quais indiscutivelmente existem sobre a Terra? Em toda a parte trabalha-se em excesso, voluntária e obrigatoriamente. Tudo isso ainda não é o certo?

Observemos um comerciante. Até tarde da noite ele se senta a sua escrivaninha, calcula e planeja, reflete o que é melhor fazer, como pode levar seu negócio às alturas. Também durante o dia ele pensa e projeta novos planos, toma resoluções e as executa. Ele está sempre em atividade, incansavelmente. Isto não é digno de louvor?

Agora, perguntemos a ele: "Para que todo esse esforço? Qual é teu objetivo?" Nós o conhecemos. É tão simples e evidente. Para que ele trabalha? Para que seu negócio traga grandes rendimentos, para que ele "vá bem", como se diz hoje. E por que este é seu desejo, o objetivo, pelo qual ele aspira?

Seu negócio precisa ir bem para que possa assegurar a si e aos seus uma vida cômoda e agradável. Isto não é seu direito? O lucro merecido por sua aplicação?

Assim parece. Contudo, analisemos agora por uma vez e com a mais profunda intuição o desejo e objetivo de uma vida "cômoda e agradável", de uma existência despreocupada! São estes objetivos que elevam os seres humanos, como um objetivo deve fazer? Não, e mil vezes não! "Cômodo" e "agradável" são desejos e conceitos inferiores, humanos, da câmara de tesouros de Deus eles não se originam! Pois eles são venenos para o espírito, sufocam sua vida, sua mobilidade! Em uma vida "cômoda" e "agradável" eu me ponho interiormente a descansar. Eu não preciso mais me esforçar, pois já consegui tudo o que desejava. Ai o espírito logo fica indolente, e por fim adormece totalmente. Com isso, porém, ele se expõe a um terrível perigo! Nosso espírito, nós próprios não devemos adormecer, do contrário morreremos, pois através de nós não flui mais nenhuma vida.

Comerciantes são tidos como as pessoas mais aplicadas sobre a Terra. Eles estão continuamente em atividade, impulsionados pelo desejo de progredirem terrenamente. Talvez em nenhuma outra classe a modificação terá que ser tão grande como na classe dos comerciantes. Seu objetivo deve ser modificado! Ao invés de trabalharem para si, eles precisam aprender a trabalhar para a sociedade em geral. Eles são os necessários divisores dos bens terrenos e precisam ser aí tão conscienciosos e honestos quanto for possível. Eles devem abastecer a sociedade com produtos de que ela necessita e não impingir-Ihe necessidades que lhes tragam lucros, só impondo desejos inúteis à sociedade. Uma hábil propaganda desperta hoje sempre novas cobiças. Ela sabe apresentar de forma tão lisonjeante e convincente, que exatamente esses produtos seriam incondicionalmente necessários para a saúde, beleza, contentamento e prazer, de tal forma que a superficialidade da maioria das pessoas também se deixa realmente convencer.

Quanto dinheiro é jogado fora atualmente para coisas totalmente desnecessárias, dinheiro esse que poderia ser dirigido para outra finalidade, a qual poderia trazer proveito, sim, bênção para a sociedade.

Este é, portanto, o falso objetivo e não é digno da aplicação empregada para isso. Esforço, trabalho e a aplicação necessária ao planejamento deveriam ser sempre equivalentes ao objetivo.

Uma aplicação impelida pelo medo, inflamada pela cobiça, pelo desejo de acumular riquezas e de adquirir fama e honra entre os seres humanos não deveria dominar as pessoas, mas sim a silenciosa, ponderada, incansável e alegre aplicação, que a cada dia realiza seu dever de novo.

Sem uma grande aplicação o ser humano não pode preencher seu lugar na Criação. Num movimento incessante esta percorre seu curso da vida. Jamais há uma parada em sua ordem. Contudo, ela só pode ser verdadeiramente mantida através da aplicação de muitos, pois esta ordem não é uma ordem rígida e mecânica, ela não se realiza por si própria!

Nada acontece por si próprio na Criação perpassada de vida. Por toda a parte encontram-se servos e auxiliares que mantêm essa ordem e impulsionam adiante as rodas do desenvolvimento.

O ser humano não sabe mais nada sobre isso. Há muito tempo ele já rompeu todos os delicados fios que uniam seu agir com o agir dos inúmeros auxiliares não visíveis aos olhos grosseiros do ser humano terreno.

Se ainda os visse, ele envergonhar-se-ia de cruzar os braços diante deles. Incansavelmente a vida caminha sempre adiante em todas as suas formas! Isto é a única coisa que o ser humano ainda sabe e vê atualmente. Ele sabe que não será eternamente primavera, que ela não se deixa deter. O verão deve seguí-Ia e este deve ser seguido pelo outono e pelo inverno.

Como seria se as águas, algum dia, não quisessem mais correr? Se os ventos não quisessem mais soprar? Se o rigor do inverno não acabasse? Como seria então?

Achais que isso jamais poderia acontecer, pois uma coisa depende da outra, que a vida não admite isso. Isso está certo. O que, porém, é "a vida"? É a força incansavelmente impulsionante de Deus, que perpassa tudo o que foi criado e não permite que chegue a parar. E essa força de Deus perpassa também a nós, seres humanos, e quer nos impelir a uma aplicação igualmente incansável, para que não fiquemos atrás dos auxiliares de Deus, os quais dão sempre o melhor e jamais querem saborear sem trabalhar.

É verdade, a força de Deus jamais cessa. Ela impulsiona o desenvolvimento sempre adiante, mas... ela é acolhida, dividida, dirigida e cuidada! Assim como os ventos são dirigidos para os locais onde devem atuar, como as águas caem nos lugares que lhe são determinados, assim se dá com todos os fenômenos da vida no Universo. Nenhuma flor floresce sem que um determinado ente zele e cuide dela. Não há veado que corra pela floresta, nem pássaro que voe pelo ar, que não tenham seus auxiliares que lhes indiquem os caminhos! Tudo na Criação está maravilhosamente entretecido entre si e desenrola-se numa incansável aplicação para honra de Deus, para Lhe agradecer, para louvá-Lo, para rejubilar-LHE ao encontro numa indizível felicidade!

E com isso chegamos finalmente à meta final, ao verdadeiro objetivo de qualquer que seja a aplicação, ao objetivo no qual vale realmente a pena empregar todas as forças, a mais assídua aplicação: para honra de Deus!

Com essa aplicação podem ser realizadas obras imperecíveis, podem ser feitas ações que trazem lucro a muitos seres humanos, não vantagens terrenas e passageiras. Quem trabalha e produz para honra de DEUS trabalha feliz, leve e entusiasmado, cresce e amadurece com isso, pois o elevado objetivo o atrai irresistivelmente para cima.

Apenas quando o ser humano tiver compreendido qual deve ser o verdadeiro objetivo de sua aplicação, uma vida para honra de DEUS, uma cooperação junto à ordem no Universo, junto ao seu progressivo desenvolvimento, então desabrochar-se-Ihe-á o que é a verdadeira aplicação: uma atuação preenchida de alegria no grande todo, na obra da Criação, preenchida pelo Amor de DEUS!

Pode haver algo mais bonito do que ser um colaborador aí? Um auxiliador e beneficiador da vida? A mais assídua aplicação jamais se cansará com esse elevado objetivo, ela não perde a força no tédio da repetição, pois o objetivo se move cada vez mais para o alto, ele se eleva com as forças crescentes e conduz o espírito para cima, para sua Pátria eterna.

Portanto, isto é aplicação: um atuar dirigido para o mais elevado objetivo, um manter a ordem, um beneficiar para o bem de todos.

Sobre essa aplicação reside a bênção de DEUS.

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