Sentado sobre as pedras, ele mantinha os olhos fixos no horizonte... e o contemplava. Como era linda a mistura esfuziante de cores que se espalhavam a longas distancias. Tão encantadora era a cena, que não percebeu a marcha acelerada das horas.
As cores, o vento... tudo era como bálsamo...
Já fazia um certo tempo que dentro de si havia luta, pressão, momentos de calma e agitação alternavam-se.
De repende notou ao longe alguns pássaros como que, brincando no ar... e ao seu redor, parecia até que o vento também brincava com as plantas. Um sorriso brotou em seus lábios. Ali pertinho também percebeu algumas abelhas e borboletas, coitadinhas, se esforçavam ao máximo para poderem alcançar algumas flores. E quem poderia criticá-las por não conseguirem resistir a tais belezas?
Um estrondo chamou sua atenção. Eram as ondas do mar em batalha com o rochedo. Do oceano vinham elas, uma após a outra, teimosamente contra o rocha. Era, sem dúvida, uma batalha magnífica!
Sentiu as ondas como se fossem acontecimentos e o rochedo, como se fosse ele próprio. Deu-se conta de que a pressão que sentia dentro de si, era um efeito parecido com o do constante vir das ondas contra o rochedo.
Entretanto, se o que de melhor o rochedo podia fazer era resistir a força das ondas. Se ficar parado não impedia que elas (ondas) viessem, ele próprio não deveria apenas resistir, parado. Precisava de algo mais, precisava compreender o movimento das ondas. Compreender o fluxo das vivencias de sua vida. Equilíbrio, era o que necessitava.
Estava ciente das pérolas que havia recebido em sua vida. Havia muito que agradecer. Intuiu que protetoramente fora retirado do tumulto e que agora enfrentava seu deserto. Era obrigado a refletir, reconhecer, seu espírito ansiava compreender.
O que buscar? Surgiu como um grito dentro de si. Comida, dinheiro, sexo, sucesso, o que? O que? Tal busca tem um fim? E quando começa?
Perguntas e mais perguntas... Elas o absorviam...
Foi ao poucos, mas de forma segura e firme como as ondas, que lhe veio uma resposta.
Todos buscam algo, ainda que não tenham consciência daquilo que estejam buscando, nem mesmo, em alguns casos, do próprio buscar. Toda a busca é graduada ao nível de interesse do indivíduo, e esse nível de interesse é consequência de sua maturidade. E maturidade não tem nada a ver com idade, mas com a maneira como cada um lida com aquilo que pode viver. Alguns níveis de interesse incentivam a busca por aquilo que é meramente material, outros se utilizam do material para irem além.
...
A brisa suavemente refrescante o fez "desligar" do mundo, como naqueles momentos em que simplesmente não pensamos em nada. Não existe um desejo nem nada assim, só existe o momento. E o seu momento estava ali...
Enquanto suas mãos passeavam pelo solo, o quadro ficava mais claro dentro de si... Percebeu que a "busca", nunca termina, ela apenas se transforma.
Se essa "busca" for inconsciente, continuará por tempo indefinido, até que o próprio individuo adquira alguma ideia daquilo que procura. A partir desse ponto, já consciente do que quer e do como pode obter, continuará buscando, mas, não mais os ideais propriamente , e sim, a adequação, a harmonização, o equilíbrio. A princípio se procura algo a que se possa seguir, se entregar, para logo após se buscar entrosar a esse "algo" com a própria maneira de viver.
...
Olhou ao redor sem saber se havia encontrado a resposta definitiva, mas feliz por ter encontrado algo. Entretanto, sabia que assim como o oceano se mantém "vivo" por conta do movimento, ele próprio não seria como uma poça da água a apodrecer por estagnação.
Compreendeu também que as ondas são apenas manifestações do oceano, elas surgem e desaparecem, já o oceano, permanece. Era assim sua vida, os acontecimento viriam para que ele pudesse se tornar ele mesmo.
Ondas e rochedo continuariam dentro de si, e ele evoluiria com isso!
Allan Roberto Regis.
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