'/> ·ï¡÷¡ï· V I D A Humana·ï¡÷¡ï·: Manifestação dos "professores" no Paraná - Parte 2.

maio 06, 2015

Manifestação dos "professores" no Paraná - Parte 2.

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Na primeira parte eu já propus alguns pontos para refletirmos sobre o movimento de greve dos professores no Paraná (pontos que podem ser tranquilamente estendidos à outros movimentos de greve). A princípio, questionei o fato de nas manifestações contra o governo serem quase nulas ações de violência (embora se tenha tentado em São Paulo fazer um grande estrago e partidários do governo reclamem de suas sedes incendiadas) com um número de participantes incrivelmente maior. Depois deixei o link de publicação da professora Rosane Clair Cruz que descaradamente convoca arruaceiros para participarem da manifestação. E encerrei com a divulgação do caderno de notas do PT, afirmando que as ações da militância são totalmente alinhadas com o que está lá.

Agora, na segunda parte, quero propor mais alguns pontos que ajudam a entender a enormidade de coisas erradas no movimento grevista, tal como ele tem ocorrido no Paraná, mas não lá apenas. Em várias cidades em que aquilo que o atual governo chama de aposição está, temos movimentos de greve. Mas há sinais de esperança no horizonte, por exemplo, em Blumenau, a adesão gira em torno de 2%.

Em Líderes evangélicos apoiam torturadores da CIA, eu tentei questionar a base moral através da qual se levanta uma bandeira (no caso, de defesa da vida humana) em prol de uma causa qualquer.

Antes de mais nada vamos nos ater as palavras da professora Marlei, a líder do movimento.

- https://www.youtube.com/watch?v=JKe_Ti_Yd5A

Duas coisas rapidamente chamam a atenção. Em primeiro lugar o silêncio da imprensa aberta (o que mostra as fortes amarras que ela tem) e de sites de mera propaganda do governo como são Pragmatismo Político ou o Carta Capital. Em segundo lugar a cara de pau de Marlei ao querer dar a impressão de que as melhorias conquistadas são independentes dos governos estatuais... Ela reconhece a boa situação dos professores no Estado que tem um dos pisos mais altos do país: R$ 3.195, com remuneração média de R$ 4.700. E das 40 horas, 14 são dedicadas à chamada hora-atividade. Desde 2010 foram contratados 23.653 professores, e o fundo para a manutenção das escolas teve reajuste de 61%.

O vídeo é de setembro de 2014 e nele Marlei está fazendo campanha a favor da Chapa 1 e defendendo a eleição de Hermes Leão (que venceu). Esses dois invadiram a Assembleia Legislativa em fevereiro e atacaram o cordão de isolamento feito pela Polícia Militar para proteger o prédio no dia 29.

Agora, que tal a gente relembrar um pouco do vídeo?

“Em 2002, o salário de um professor e de uma professora em final de carreira era de R$ 2 mil, somados aos quinquênios. Hoje, o salário, no final do Nível II, Classe 11, é de mais de 8 mil. E, no final da carreira, Nível III, Classe 11, é de aproximadamente R$ 12 mil. Isso é compromisso dessa direção. Os funcionários da escola Agente 1 tinham, em 2002, no início de carreira, R$ 248; hoje, pode se aposentar com mais de R$ 5 mil, somados os quinquênios. O Agente 2 tinha um início de salário de R$ 348 e, hoje, pode se aposentar com mais de R$ 7 mil. Essa é a condução séria, que a direção da APP, através da Chapa 1, sempre fez. Agora, o professor Hermes Leão, que sempre esteve conosco em todas as batalhas, vai conduzir, juntamente com os demais companheiros e companheiras, a nossa próxima gestão. Estaremos firmes, mais fortes, contundentes, com a mesma responsabilidade de sempre, dirigindo a APP Sindicato. Por isso, dia 10 de setembro, vote Chapa 1 Estadual e Chapa 1 Regional, para a nossa categoria continuar avançando. Um grande abraço”.

O destaque ao "companheiros e companheiras" é meu. Nem preciso explicar a razão do destaque...

Agora se poderia perguntar por que, afinal, os professores estão em greve?

Ora, pura e simplesmente por uma decisão política do PT e de seus aliados. E grandes movimentos grevistas são corriqueiros em locais que o PT é oposição. O que esses números mostram é como a greve é absurda diante das palavras da própria Marlei. Mas vou desenvolver um pouco mais a questão do uso da alteração das regras do fundo de previdência como bandeira para o movimento, antes é preciso dizer que a violência em si, não é propriamente um recurso de governo, mas deve ser contextualizada diante dos fatos reais do momento em que aconteceu. É preciso verificar contra quem ocorreu e em que circunstancias. Foi contra professor, contra manifestante pacífico, ou contra o tipo de animal que a professora Rosana Nair Cruz convocou? E é obvio que quando a confusão começa, gente que estava quieta vai se ferir.

Quando as pessoas leem reportagens nos sites Pragmatismo Político e Carta Capital abordando o assunto e utilizando a palavra "barbárie", quase ninguém lembra de procurar alguma reportagem nos mesmos sites contra as reações à greve dos caminhoneiros! Ou contra as invasões do MST que aconteceram após a convocação de Lula. Nenhum deles define o MST pelo que faz. Terrorismo! É um movimento "social" que segundo o próprio Lula tem função de exército. Foi ele que disse que o Stédile colocaria o seu exército nas ruas. E veja que esse Stédile, lá em Minas Gerais, foi condecorado com a Medalha Tiradentes...

Mas esse silêncio de sites como Pragmatismo e Carta vai diretamente ao encontro daquilo que considero o ponto principal, a defesa de um tema sem que se tenha convicção no valor desse tema. Se os dois sites estivessem lutando contra a ação de "barbárie", iriam se posicionar sempre contra os atos de violência, ainda que fossem frutos das ações do governo ao qual são ligados. Mas o valor em si não existe como algo equiparável a uma virtude, por exemplo, é apenas algo móvel, determinado como valioso somente em determinado momento. Sendo assim nos casos em que o governo a aplica é necessária (caminhoneiros) e em outros é uma barbárie (black-blocks, não professores pacíficos). O deputado federal Enio Verri disse que o cenário é devastador e fugiu ao controle. Segundo ele: "É uma atitude truculenta e absurda, ultrapassada, parece o Brasil do século 19. São trabalhadores organizados fazendo uma mobilização não para conquistar direitos, mas para não perdê-los".

Vou considerar agora a alegação do movimento de que a alteração nos fundos de previdência é o motivo principal para a manifestação. Acredito que até aqui já tenha ficado claro que o movimento sindical atua de forma coordenada com o governo federal, a fim de causar baderna nas ruas.

Se alega que o ParanaPrevidencia tenha sofrido uma alteração que muda a fonte de pagamento de mais de 30 mil beneficiários. Com isso o governo deixa de pagar sozinho essas aposentadorias e a divide com os próprios servidores, já que o fundo é composto por recurso do executivo e do funcionalismo.

Ora, a mesma estratégia é a que o governo federal tem usado com os fundos de pensão da Postalis (Correios), Petros (Petrobrás), Funcef (Caixa Econômica Federal) e Previ ( Banco do Brasil). O Saldo negativo desses fundos é de mais de 27 bilhões... Somente o Previ teve prejuízo de mais de 7,8 bilhões em 2014.

Um dos grandes problemas desses fundos são seus "administradores", que na grande maioria são indicados pelo governo. Enquanto os funcionários enxergam os fundos como uma garantia para sua aposentadoria, o governo enxerga nos fundos uma possibilidade de exercer política pública com capital alheio, pressionando os administradores dos fundos a seguirem objetivos do governo, e não dos funcionários que são os donos dos fundos. Entre algumas das ideias geniais de investimento está a de investir em títulos públicos da Venezuela e da Argentina.

A grande questão é: Cadê a oposição dos sindicatos a esse roubo do governo federal? Cadê as publicações do Pragmatismo Político e do Carta Capital a respeito? E ainda tem o uso do FGTS para encobrir os rombos do BNDES... E ninguém fala nada? E mesmo os sindicatos dos professores, é muito estranho o silêncio diante da quantidade de cortes na educação. Também é muito estranho que ninguém mencione que o Paraná contribuiu com 271 bilhões em tributos federais e recebeu apenas 2,2% de retorno em investimento.

Antes de encerrar vou apenas relembrar o que defendi por aqui. Inicialmente eu procurei mostrar números que deixam claro que as condições de trabalho dos professores não são tão ruins assim. Depois propus uma reflexão sobre os motivos alegados e comparei a política nacional em curso com aquela que se alega como injusta no caso dos professores.

Leia também. A manifestação dos "professores" no Paraná - Parte 1.

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Adicionado em 25/05/2015.

A foto abaixo tem circulado como uma espécie de lembrete a quem se atrever falar contra a greve dos professores do Paraná.

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Curioso é que no vídeo que cito neste tópico estão as palavras da professora Marlei, a líder do movimento. Durante campanha ela citou vários números que não foram questionados, pelo contrário, foram tão bem aceitos que serviram para que o grupo que ela representa ganhasse as eleições... Então agora quando se publica fotos como a acima para tentar afirmar que professor esteja ganhando pouco, nós podemos perceber algumas coisas.

Primeiro que tais pessoas não se envolveram REALMENTE com a campanha enquanto ela acontecia no ano passado, e por isso ajudaram a eleger alguém que talvez estivesse citando números errados. Sendo assim, é fácil notar que a mentira teria sido divulgada pela própria professora Marlei, e não por quem esteja utilizando aquilo que ela afirmou ser verdade. Quando alguém cita aquilo que ela afirmou em campanha e contrapõe ao que ela afirma hoje, o que fica claro é que alguma mentira existe. Ou antes ou agora. E quando se divulga a foto do contrachegue como forma de ir contra as palavras dela, fica mais confuso ainda, pois quem divulga a foto simplesmente não percebe que os números do vídeo são dados pela própria Marlei, tampouco nota o contexto em que aquelas informações foram dadas. A característica básica do analfabeto funcional, não conseguir contextualizar uma informação, é visível nessa tentativa de defesa.

Abaixo repito o que a professora Marlei citou no vídeo, bem como o próprio vídeo.

“Em 2002, o salário de um professor e de uma professora em final de carreira era de R$ 2 mil, somados aos quinquênios. Hoje, o salário, no final do Nível II, Classe 11, é de mais de 8 mil. E, no final da carreira, Nível III, Classe 11, é de aproximadamente R$ 12 mil. Isso é compromisso dessa direção. Os funcionários da escola Agente 1 tinham, em 2002, no início de carreira, R$ 248; hoje, pode se aposentar com mais de R$ 5 mil, somados os quinquênios. O Agente 2 tinha um início de salário de R$ 348 e, hoje, pode se aposentar com mais de R$ 7 mil. Essa é a condução séria, que a direção da APP, através da Chapa 1, sempre fez. Agora, o professor Hermes Leão, que sempre esteve conosco em todas as batalhas, vai conduzir, juntamente com os demais companheiros e companheiras, a nossa próxima gestão. Estaremos firmes, mais fortes, contundentes, com a mesma responsabilidade de sempre, dirigindo a APP Sindicato. Por isso, dia 10 de setembro, vote Chapa 1 Estadual e Chapa 1 Regional, para a nossa categoria continuar avançando. Um grande abraço”.

Professora Marlei.
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https://www.youtube.com/watch?v=JKe_Ti_Yd5A

Outra coisa que deveria ser óbvia, é que o texto propõe questionamento sobre as intenções reais das manifestações em cidades que aquilo que o PT chama de oposição está, e não apenas as intenções alegadas. Levantar bandeira em defesa de direitos trabalhistas é só uma mentira, e já apresentei acima argumentos sobre esse ponto. Bem como também chamei a atenção para a injusta distribuição dos tributos federais. Vejam o caso do Acre. O estado que quase nada produz é o que mais recebe...

Outro ponto curioso com o contracheque é que, segundo o governo federal, quem tem a sorte de ganhar R$1,700 já está muito acima do que seja classe média alta.
- http://www.sae.gov.br/.../governo-define-que-a-classe.../

Mas a capacidade de reflexão embora seja inata ao ser humano, nem sempre é exercida.

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