'/> ·ï¡÷¡ï· V I D A Humana·ï¡÷¡ï·: O Valor das comunidades.

outubro 28, 2007

O Valor das comunidades.

Sites de relacionamento como Orkut, Gazzag, MySpace, Netlog e Clubão só para citar os maiores, tem o objetivo de facilitar contatos e através deles tornar possível a troca de informações com pessoas que tenham interesses em comum. É uma boa idéia, afinal, sempre podemos aprender algo por meio de um novo contato. No entanto, é fácil perceber que de uma forma geral as comunidades não atingem o belo ideado. As comunidades reúnem desconhecidos que continuam desconhecidos por muito, muito tempo. Pessoas sem nada a dizer procurando em algo público à privacidade necessária a sua reflexão.

Parece confuso, por realmente ser confuso.

Fui motivado a refletir a respeito durante uma conversa na comunidade “Metáforas e lamentos”

(http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=5922874&tid=2483623888273660754 ). Nela, a autora argumentava sobre nossa sociedade e sobre a pouca vontade de seus integrantes para fazerem algo que conduza a um aprimoramento, a uma melhora. Na época fiz analogia com a própria comunidade e seus integrantes e pouco tempo depois publiquei as palavras abaixo em outra comunidade, chamada “Roselis von Sass”, em tópico homónimo a este post( http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=1858847&tid=2491495324231652589 ).

Obviamente são fruto de uma percepção pessoal, daquilo que eu próprio observei e compreendi o que hoje publico aqui no blog.





O Valor das Comunidades

Cada comunidade é, ainda que de modo virtual e mesmo assim, real, um grupo social. Neste grupo cada qual é livre para se “associar” ou não, ninguém é forçado a isto. Deduzimos então, que por aquilo que cada um vê convergir no sentido de seus valores, queira ou não, fazer parte deste grupo. Também devemos considerar que ninguém busca um grupo social para encontrar nele o silêncio ou a solidão, pois quem nada quer trocar, simplesmente, não se apresenta. Do mesmo modo, o buscar aprofundamento “em si mesmo” através de um contato social, é algo um tanto estranho. Pois se fosse assim, “em si mesmo”, não haveria a procura por outras opiniões, mas o completo e total relegar qualquer influência oriunda de terceiros, edificando apenas e exclusivamente sobre as próprias reflexões. Aprofundar-se “em si mesmo”, refletindo “em si mesmo” sobre o que o grupo expõe, é possível e coerente, mas a questão aqui, é outra, pois a busca do grupo é um efeito da necessidade de contato.

A liberdade que cada um tem para adentrar ou não em qualquer comunidade, nos incentiva a acreditar que queira contribuir para o crescimento deste grupo social, ou ainda, que pretende compartilhar experiências que possibilitem o “evoluir” de todos, pois se não houvesse nele próprio o anseio por contatos, simplesmente não adentraria. O crescimento de cada individuo, refletirá, com toda a certeza, no próprio grupo social.

Mas, o que ocorre?

Quem livremente se associa, por não saber na maioria das vezes nem ao menos porque o fez, simplesmente silencia. Certo é que na exposição de uma idéia, conceitos como vergonha, medo do ridículo, o “errar” e tantos outros, afastam muitos que tem muito a trocar. Aqui lembro de uma questão exposta no livro “Quem mexeu no meu queijo?” O que você faria se não tivesse medo?

No entanto, isto refleti uma espécie de indiferença, pois o não agir, já é uma ação. Posso aqui repetir as palavras de Lya Luft ao dizer que existe no mundo uma “fome de sentido”. Se em um grupo tão pequeno temos tantos que não contribuem ou não sabem como contribuir, então, sobram pessoas paradas... Se isto já é assim aqui, onde cada qual sem pressão alguma decide entrar, não é difícil imaginar o que acontece com a nossa sociedade, tendo-se em vista a diversidade de pessoas que a compõem.

“Convivemos com pessoas que não dividem os mesmos valores e sensibilidades. O que devemos fazer? Eu ou você? Eu contra você? O que precisamos é de conhecimento mútuo. Se eu não sou igual a você, nós precisamos nos conhecer.”

Tariq Ramadan

O simples fato de cada ser humano possuir em si as mesmas ferramentas de que os demais dispõem, não faz surgir entre a humanidade unanimidade de conceitos, sempre haverá diferenças.

Toda a diferença está no modo pessoal que cada qual tem de utilizar-se daquilo que possui, a este modo pessoal liga-se a vontade de querer compreender determinada coisa. Aqui não há referência a aspectos materiais, mas somente aquilo que “movimenta” a direção de uma resolução.

De acordo com o vivenciar desta vontade surgem nossas convicções. Estas convicções representam o conjunto daquilo que consideramos importantes e, cada um prioriza algo bem determinado. Cada contato, palavra, ação, enfim, tudo constrói nosso “saber” ao mesmo tempo em que influencia nossa conduta e molda nosso destino.

Este vivenciar pode nos ajudar em nosso desenvolvimento, pois se que cada um de nós é diferente do outro e usa aquilo que possui de uma maneira única, se reconhecermos serem diversas as opiniões e prioridades, não se torna tão difícil identificar o imenso valor de cada contato, pois cada membro do grupo estagia em determinado grau de maturidade, vivenciando e aprendendo. Qualquer comunidade, por reunir tão grandes diferenças, pode, através do que cada uma expõe, contribuir para o nosso crescimento.

“Um ser isolado não pode oferecer-te a perfeição, mas sim a humanidade toda, na pluralidade de suas características! Cada qual tem algo que pertence de maneira incondicional ao conjunto.

Abdruschin

Por isto deve-se dizer que nem toda a "discussão" é sem sentido!

Divergências refletem um determinado reconhecimento, e cada um de nós está convicto de que sua crença é a certa, caso contrário, confessaria seguir um caminho errado, assim sendo, devemos avaliar com atenção tudo aquilo que de nós se aproxima, nos desvencilharmos dos próprios pensamentos que apenas nutrem a desconfiança e a recusa por tudo o que seja diferente do que os desejos impõem.

Ao alcançarmos este ponto, percebemos que o ter ou não ter sentido varia de acordo com quem faz o julgamento, pois cada comunidade reúne pessoas que buscam algo em comum, ainda que cada qual busque aquilo que em determinado momento sente-se impelido a buscar. O conjunto que a comunidade representa, provavelmente tocará em tudo, enquanto cada um tocará em algo específico. Depende de nós sopesar e avaliar para retirar o melhor de cada contato.


"Não creiais em coisa alguma pelo fato de vos mostrarem o testemunho escrito de algum sábio antigo. Não creiais em coisa alguma com base na autoridade de mestres e sacerdotes. Aquilo, porém, que se enquadrar na vossa razão e, depois de minucioso estudo, for confirmado pela vossa experiência, conduzindo ao vosso próprio bem e ao de todas as outras coisas vivas : A isso aceitai como Verdade. Por isso, pautai a vossa conduta."


Sidarta Gautama, 500 A.C.

Allan R. Régis.

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