'/> ·ï¡÷¡ï· V I D A Humana·ï¡÷¡ï·: Perspectivas contemporâneas - A arte de imitar

fevereiro 21, 2012

Perspectivas contemporâneas - A arte de imitar

Esta postagem é uma conversa ocorrida no site Orkut e foi motivada pelo texto "A arte de imitar" disponível neste blog através do link abaixo.

-   http://mundo-nosso.blogspot.com/2010/02/arte-de-imitar.html

Deixo o link para a leitura e neste post publico apenas a conversa.

Ana

Allan diz :

“...Se tudo o que um ser humano tem a fazer é imitar o que outros fazem, então, nada legítimo ele possui, fica no mesmo degrau dos animais, destrói o que o caracteriza, seus dotes atrofiam por desuso.”

Ana questiona : No que consiste o " Educar"? Qual a função da Escola Instucional? Educar é promover o quê?  Cópias? Para manter as coisas exatamente como estão?

40 Graus na Sombra ....

 

FREE TIBET! Gean

Ana pergunta:  “Educar é promover o quê? Cópias? Para manter as coisas exatamente como estão?”

Educar no sentido de passar conhecimento é mostrar os degraus da “escada” como quem diz: chegamos até aqui, agora ,ou prossiga, adicionando algo novo ou fique olhando pra baixo, admirando o que já foi pensado! RS… No sentido das boas maneiras, para a convivencia, é uma questão de coação (ou age assim ou será punido), no sentido de controlar os impulsos!

 

Ana

Posso informar ao outro o que conheço em determinada área, pontualmente , mas não posso passar Conhecimento a ele, por mais que deseje isto. Conhecer é compreender as relações, entender como funciona, para que assim funciona e porque assim funciona. 

Gean afirma : “No sentido das boas maneiras, para a convivencia, é uma questão de coação (ou age assim ou será punido), no sentido de controlar os impulsos!”

Ana questiona : Coagir é educar? Condicionar é educar? Faça como mando = prêmio? Fez diferente do que mando = Punição?

O que chamamos de " Boas Maneiras " aqui no Brasil, vale no Japão (onde não tem o costume de apertar as mãos uns de outros quando se encontram e sim declinar o corpo)? Vale na Índia (onde se come sem talheres, amigos andam de mãos dadas)? Vale na Rússia (onde homens se cumprimentam beijando-se)? Vale na Indonésia ( onde colocar uma sobre a mesa de refeição significa uma ofensa)? ......
Que diabos são estas coisas que chamam de boas maneiras? Quando oportunizamos a compreensão disto educamos.

" O que é um impulso? como funciona? para que serve? o impulso é sempre ruim , pode ser bom? porquê? "

Quando conhecemos o porquê de fazer ou não fazer, quando entendemos as relações possíveis coexistentes, temos oportunidade de melhor conviver. Oportunidade de conviver com diferênças sem perder o Centro.

Allan diz lá no início do tópico :

“Acredito sermos seres espirituais que, embora perfeitos em nossos dotes, os temos como potencial a ser desenvolvido. Se tais dotes serão ou não desenvolvidos vai depender do impulso dado pela vontade de cada um. Sendo assim, tomando por base o impulso dado pela vontade, digo acreditar que o caminho para nosso amadurecimento pode até não ser tão fácil assim, muito embora me pareça ter estrutura simples.....”

Ana questiona : O que é ser perfeito? Perfeito em relação ao o quê?

Observo que não basta vontade para desenvolver - se como Indivíduo , sem um meio adequado, propício a isto , o potencial fica impedido de revelar - se quando o meio oprime, dificulta a revelação . As circunstâncias Pesam e Muito, eis aqui nossa responsabilidade!

 

Eustáquio

Up …

Essa questão da perfeição vou querer saber como será desenvolvida!

 

Ana

E ... o que é maturidade? Maturidade seria a constatação de que não somos extraordinários e nem tão incapazes como antes acreditávamos?

O que é Maturidade? é meta ou estrada? o que caracteriza um ser maduro?

 

Allan R. Régis.

Olá, Ana.

Imagino que você tenha compreendido que o ponto central do tópico é o questionamento ao modo como definimos o que seja verdade para nós mesmos. Se por imitação pura e simples ou se por compreender os efeitos e causas. Imagino também que não lhe seja difícil perceber que minha introdução não trás, propriamente, o tema central para debate... então, deveria ser fácil perceber que quando deixo claro de início minhas convicções “religiosas” estou apenas informando sobre quais valores desenvolvo a argumentação... Quando escrevo que nós, seres humanos “ embora perfeitos em nossos dotes, os temos como potencial a ser desenvolvido”, você questiona o que seria tal perfeição e em relação a quê posso afirmar que ela existe. Suas perguntas foram: “O que é ser perfeito ? Perfeito em relação ao o quê ?”.

Quando digo que somos perfeitos, quero deixar claro que não compartilho das concepções de alguns grupos que definem o ser humano como falho e imperfeito por simplesmente não conseguir atuar de maneira adequada a um desenvolvimento sadio e harmonioso de toda a sociedade. Sem entrar no valor dos grupos, pois este tópico não se propõe discutir tal tema, digo que tal crença é comum a católicos e evangélicos. Eu não acredito que seja assim, o que penso a respeito desta possibilidade de “errar” deixo no link abaixo:

Imperfeição?
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http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=25668588&tid=5439032586638709997&na=4

Também podemos considerar Platão que defende que todos os seres, inclusive os humanos, sejam cópias imperfeitas que se aperfeiçoam a medida que se aproximam do modelo ideal. Eu aceito, em parte, tal concepção. Aceito que não sejamos iguais a “fonte”, ou seja, somos uma gradação com potência diferente; aceito também que tenhamos a necessidade de desenvolvimento e que a medida em que ocorre, tal processo nos aproxime do modelo ideal. No entanto, não considero que os “erros de conduta” do caminho sejam devidos a imperfeição de nossa origem (o que tento demonstrar com o tópico que cito acima), mas, sim, efeito natural de nossa liberdade de escolher o que vivenciar, ingrediente indispensável a nosso processo de amadurecimento. Por tal concepção somos “imperfeitos” de forma relativa apenas, pois não temos a mesma potencia da “fonte”, mas temos o necessário para poder nos desenvolvermos de maneira adequada. O fato de não sermos iguais a “fonte” não desmerece nossa origem, pois somos conseqüência da existência dela.

O que é ser Perfeito? Considero a Perfeição como o que seja Absoluto. Aqui, para mim, Perfeição, na forma total do termo, esta somente em Deus, o Criador. O Criador existe por si, independente de tudo o mais, completo em sua constituição, sem necessidade de desenvolvimento. Perfeito em relação a quê?.A resposta à pergunta não cabe, segundo o que aceito como Verdade, para o Criador, pois Ele é algo independente. Se considero nós, seres humanos, como espécie espiritual dentro da Criação, há algo a dizer. Nós, seres humanos, somos uma fração de sua Força, totalmente dependente do Criador. No natural processo de reconhecimento - compreensão tudo é válido para que consigamos amadurecer. O que não significa que devamos ceder a qualquer impulso. Embora diga que tenhamos uma relação de dependência considero que em relação ao Criador sejamos igualmente perfeitos, por termos totais condições de desenvolvimento. Em outras palavras, nos é permitido existir a partir do ponto em que tenhamos total condição de desenvolvermos o que trouxermos originalmente.

"Ana questiona : No que consiste o " Educar " ? Qual a função da Escola Instucional ? Educar é promover o quê ? Cópias ? Para manter as coisas exatamente como estão?"

Estas perguntas estão fora de contexto, por 5 motivos: 1 - Não estou abordando neste tópico o modo como apresentamos certa informação, mas sim, o modo como aceitamos certa informação. 2- Não estou avaliando qualquer tendência pedagógica ou instituição de ensino, pois o processo de “educar” é possível de maneiras bem distintas, não limitado por instituições ou metodologias institucionalizadas específicas. Podemos aprender apenas observando a natureza, com nossos pais, com qualquer coisa, mas aqui chego ao 3 ponto. 3 - Não estou questionando o que exatamente o processo de “educar” possa promover, pois não considero tal “educar”, neste tópico, como algo externo, mas, sim, interior. Seria a maneira como eu assimilo o que recebo do ambiente, independentemente das intenções de quem expõem tais valores. 4 - Considerando o que escrevi anteriormente e o tema central deste tópico, não haverá cópias, mas, sim, afirmação do indivíduo, o que responde a última pergunta. 5 - A afirmação do indivíduo permite a inovação, o que modifica o ambiente.

Educar, segundo aceito, consiste apenas nos atos de apresentar e ajudar a compreender os valores existentes, principalmente os que maior relação tenham com aquele ambiente em que o indivíduo se encontra. Qualquer educador, seja uma pessoa ou instituição, deveria, segundo minha concepção, oportunizar tal reconhecimento. Tal processo promoveria inovação através de modos singulares de compreensão, o que por sua vez não possibilitaria o surgimento de cópias, o que, naturalmente, não manteria as coisas do mesmo modo.

“Educar, podemos dizer, significa ajudar a acordar, ajudar a encontrar no próprio ser o ímpeto, a saudade, a vontade de movimentar-se e buscar e descobrir, de crescer, de progredir. E educar significa também aprender a lutar, aprender a intensificar a existência e cumpri-la com decisão e consciência. Educar, basicamente, é ajudar a assumir a vida; é levar o ser a procurar e a aspirar à verdade, a sentir e chamar a luz e a força encobertas nele mesmo; fazê-lo perceber a grande possibilidade que a vida é, o que com ela recebemos, e aprender, conscientemente, a querê-la, vivê-la, dá-la.”

Rolf Gelewski 

Também vale ressaltar que no mesmo parágrafo em que você deixa as perguntas que respondo acima, você faz uma seleção tendenciosa. Você selecionou o seguinte do que escrevi: ” “...Se tudo o que um ser humano tem a fazer é imitar o que outros fazem, então, nada legítimo ele possui, fica no mesmo degrau dos animais, destrói o que o caracteriza, seus dotes atrofiam por desuso.”  Após, você deixa as perguntas acima e alguns argumentos mais, são eles: 

ANA“Posso informar ao outro o que conheço em determinada área, pontualmente , mas não posso passar Conhecimento a ele , por mais que deseje isto. Conhecer é compreender as relações , entender como funciona , para que assim funciona e porque assim funciona.” - “Quando conhecemos o porquê de fazer ou não fazer , quando entendemos as relações possíveis coexistentes , temos oportunidade de melhor conviver. Oportunidade de conviver com diferênças sem perder o Centro.” - “Observo que não basta vontade para desenvolver -se como Indivíduo , sem um meio adequado (grifo meu ), propício a isto , o potencial fica impedido de revelar -se quando o meio oprime, dificulta a revelação . As circunstâncias Pesam e Muito , eis aqui nossa responsabilidade !”

Agora, vou deixar o que escrevi antes da seleção que você fez:

“Um animal aprende por imitação, os seres humanos têm na imitação um primeiro recurso de desenvolvimento. O natural processo de desenvolvimento humano, nos conduz até aquele ponto em que sejamos capazes de formar um juízo, equivalente a vontade com que foi exercida nossa capacidade de avaliação daquilo que observamos. A formação de um juízo denota compreensão das interações, a imitação, não denota nada relacionado a compreensão. Aqui vale dizer que não podemos simplesmente igualar um ser humano a qualquer animal refutando que, mesmo a imitação é capaz de fazer com que um animal “compreenda” que se não comer, vai morrer... a menos que quem refute assim iguale a sua própria capacidade de avaliação – julgamento – juízo a de um rato, um pernilongo ou uma barata... a imitação pura e simples não tem ligação com compreender o processo, e é a compreensão do processo a base do desenvolvimento.”


É o mesmo sentido... Mas naquilo que você escreveu, Ana, há algo que ajuda a compreender o que quero dizer com este tópico (que é, aliás, extremamente relacionado ao tópico “O si mesmo” e "Imperfeição"), pois você incentiva a reflexão ao dizer que sem um meio adequado... o potencial fica impedido de revelar-se”. Aqui há total sintonia com o que quero com este tópico, pois estou partindo da ponto de vista que este “meio” é o próprio individuo, não apenas seu modo singular de interagir com o ambiente, mas sua maneira de interpretar algo comum a todos nós, de modo exclusivo. Também, vejo sentido em dizer que “não basta a vontade para desenvolver-se como indivíduo”, tanto que, no que escrevi não afirmei que bastava...

Lá no início digo que o diferencial esta no que chamo de “reflexão consciente” e também que “O natural processo de desenvolvimento humano, nos conduz até aquele ponto em que sejamos capazes de formar um juízo, equivalente a vontade com que foi exercida nossa capacidade de avaliação daquilo que observamos”. “Natural desenvolvimento humano” significa apenas desenvolvimento físico e anímico, no sentido de que uma criança, mesmo possuindo os mesmos órgãos que um adulto não os utiliza de forma tão consciente visando as possibilidades que eles oferecem para a compreensão seja lá do que for. É preciso certa maturidade física e anímica, e a medida que ela é alcançada temos a oportunidade de, através do impulso dado pela vontade, compreender nós mesmos e o ambiente em que vivemos. Escrevo “equivalente” por ser possibilidade, não regra... como possibilidade depende de interação, se não, não ocorre.

Agora podemos considerar outras perguntas que você deixou: “ O que é um impulso ? como funciona ? para que serve ? o impulso é sempre ruim , pode ser bom ? porquê ?”.

Considerando que temos uma pergunta base, e que é a primeira, se eu fosse seguir seu modo de “conversar” poderia argumentar o seguinte: A que abordagem você se refere? De filosofia? De física? Neurociências? Psicologia? Artes? Qualquer outra? Será que pelo contexto apenas se concentrar no significado da palavra “impulso” seria suficiente? Você tentou compreender considerando tal hipótese ou simplesmente lançou a pergunta?

O que é impulso?” 

Impulso, aqui, trata apenas das motivações básicas do ser humano, motivações não controladas pela razão. É aquilo que sentimos de forma inconsciente e pode nos fazer entrar em movimento consciente (reflexão consciente),... movimento pela busca de compreensão.

Funciona da seguinte forma: Sabendo que todos somos capazes de atribuir valor a tudo e qualquer coisa, é natural considerar sentirmos “simpatia” por isto ou aquilo. Aquilo pelo que sentimos “simpatia” pode nos colocar em movimento. Então, neste contexto, o impulso funcionaria como alavanca, servindo como estímulo para uma possível compreensão, o que não seria ruim, pois possibilitaria tudo aquilo que já consideramos lá em cima “ uma reflexão consciente sobre causas, efeitos, interações. Agora fica mais fácil compreender o que quero dizer quando escrevo: “Se tais dotes serão ou não desenvolvidos vai depender do impulso dado pela vontade de cada um. Sendo assim, tomando por base o impulso dado pela vontade, digo acreditar que o caminho para nosso amadurecimento pode até não ser tão fácil assim, muito embora me pareça ter estrutura simples”
Impulso significa aquilo que coloca em movimento.
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E ... o que é maturidade?
Maturidade seria a constatação de que não somos extraordinários e nem tão incapazes como antes acreditávamos?
O que é Maturidade? é meta ou estrada? o que caracteriza um ser maduro?

Você acredita que uma criança, ainda que soubesse ler, conseguiria interpretar o texto que escrevi de modo a tentar questioná-lo da forma que você fez? Possivelmente sua resposta será não. Embora a criança tenha nela condições de chegar a interpretar, é preciso que se desenvolva física e animicamente, a tal ponto que possa coordenar suas reflexões, chamo de “caminho para o amadurecimento” tal processo. Então, “maturidade” seria simplesmente aquele ponto em que um individuo estaria em condições de contrapor sua vontade as impressões exteriores. Não seria propriamente aquilo que se constata (resultado), mas um reflexo da possibilidade de constatar (caminho). Outro exemplo bem simples é o caso da pedofilia. Em geral sentimos indignação por reconhecermos não apenas que as crianças tem o físico imaturo para uma relação sexual (embora tenham órgãos sexuais), mas também por reconhecermos que tais crianças são imaturas para compreenderem propriamente o que o ato é, (embora tais crianças tenham cérebro) . Consideremos uma pessoa com algum distúrbio mental, de forma que ela tenha uma idade mental inferior a física.

Embora a pedofilia seja um tema extremamente complexo, em linhas bem amplas posso ilustrar com ele, um pouco mais do que seria “maturidade”. Entre as vitimas temos aquelas que são forçadas e aquelas que aceitam. Um recém nascido é forçado, e se compreende bem claramente que é imaturo para o ato. Uma criança com cerca de 6 ou 8 anos, só como exemplo, pode ser também forçada de modo violento, ou através de estímulos aceitar a relação. Pode ser um doce, um brinquedo, medo de que os pais saibam de alguma coisa (chantagem emocional), enfim. Neste caso ela "aceita", mas não tem condições de contrapor sua própria vontade a impressões exteriores, não compreende "o que" ela aceita. A palavra “aceitar” não é bem a certa para tal caso,pois o ato de “aceitar” denota capacidade de compreensão. Agora, se consideramos um indivíduo de 16 anos, por exemplo, e caso não seja forçado de modo violento e aceite a relação, o ato de aceitar aqui, é muito diferente do de uma criança de 6 ou 8 anos. Ele está mais maduro para tomar uma decisão. O quanto vai estar maduro eu não sei dizer, pois vai depender daquele impulso dado pela vontade no caminho que seguir para seu próprio amadurecimento. Ou seja, é um fator variável.

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