Ignorante, no uso comum, é aquele indivíduo que de maneira teimosa persiste em dada direção custe o que custar. Não lhe importam os fatos, lhe basta a sensação de certeza como prova de que, afinal, ele está certo e pronto!
Ignorância também não é uma palavra que comumente traga sentimentos de enlevo, pelo contrário, pois tem um quê de estupidez e outro de arrogância.
Mas nada nos impede de refletir um pouco mais sobre a questão.
Se por um lado é possível dizer que tanto o ignorante quanto a ignorância são de certa forma pressupostos do conhecimento (afinal, quem nada ignora tudo já sabe), por outro é possível encontrar ao menos dois pontos de vista a respeito.
No primeiro, esse "não saber", esse "ignorar" é um fundamento para o conhecimento, afinal, como diz um certo conto budista, se a xícara está cheia não cabe mais nada". Se eu em algum momento quiser aprender algo, conhecer algo, é necessário que exista dentro de mim não apenas um impulso motivado por curiosidade, mas também um certo vazio relacionado ao objeto/assunto que quero conhecer. Esse vazio significa pura e simplesmente que me faltam informações sobre o objeto/assunto, e a busca por essas informações deve ser mesclada com certa dose de humildade.
No segundo, pode até não existir a falta real de informação sobre dado objeto/assunto, mas ela é sobrepujada pela soberba do sujeito que avalia. Nesse sentido, a palavra "ignorante" não se refere mais a alguém que não tem informação, mas a alguém aferrado a determinado ponto de vista e que, teimosamente, não se abre a outras possibilidades. E essa teimosia, essa incapacidade de colocar em dúvida o próprio julgamento é algo raríssimo hoje em dia!
Sobram certezas, apenas faltam fatos que as comprovem!
Allan Roberto Régis.
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