Faz pouco mais de 1 ano que Dilma falava contra o posicionamento dos EUA diante das ações do EI. Em entrevista ela afirmou que "bombardear não resolve o problema", e lembrou que, se resolvesse, "no Iraque já estaria resolvido". Também lembrou que o "bombardeio não leva a consequências de paz" e questionou se a vontade de que os bombardeios ocorressem, não era somente fruto de uma pressão interna (alguém interno quer que você bombardeie)? (1) Em seu discurso na Assembleia da ONU ela repetiu o mesmo ponto de vista. (2) (3) (4).
No entanto, curiosamente, ela nada falou e nem fala sobre os bombardeios da Rússia contra o mesmo EI (5) (grupo que tem entrada proibida na Rússia) (6), e também se mantém em silêncio sobre a parceria França - EUA - Rússia contra o EI (7) (8).
Mas esse tipo de confusão é normal com quem defende um valor sem acreditar nele, para quem não existe algo que possa ser chamado de verdade. Para pessoas assim só o que existe é o que serve no momento, por isso o discurso com o tempo pode até se tornar contraditório sem que a própria pessoa sequer perceba a contradição.
Então, ficamos assim.
Em um ano o governo brasileiro critica ações contra o EI, por não querer apoiar ações que possam gerar violência. No outro ano apoia as mesmas ações, praticamente copiando o discurso de Obama anteriormente criticado (9) (10). E aqui é oportuno lembrar o questionamento feito por Dilma ano passado: "Você quer bombardear por quê? Por que alguém internamente quer que você bombardeie?" Será pressão do bloco do Brics?
Em um momento o governo se mostra contrário a ações de violência em qualquer esfera e de qualquer tipo, ao mesmo tempo em que fica em silêncio sobre as constantes ameaças de morte feitas por seus membros a população civil. (11)
E, para fechar, que tal lembrar da proibição do governo as manifestações legítimas de insatisfação dos caminhoneiros, alegando que bloqueios não serão permitidos, enquanto permiti e financia os bloqueios feitos pelo MST e faz pouco caso diante dos bloqueios feitos por grupos indígenas? (12) (13)
Nada de tudo isso é sem sentido, embora possa até parecer desconexo. Existe método nessa loucura, e para poder compreendê-lo é preciso ir um pouco além da cota de ração diária de informação que a mídia, em geral, nos dá.
Allan Roberto Régis.
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