'/> ·ï¡÷¡ï· V I D A Humana·ï¡÷¡ï·: A "oposição" do PSDB.

junho 19, 2016

A "oposição" do PSDB.

Se você pensa que o PSDB é uma oposição legítima aquilo que se entende por "esquerda", considerando que ele próprio faça parte da "direita", vale a pena a leitura dos textos indicados diretamente abaixo e daqueles aos quais se tem acesso através dos links.

O primeiro deles é a nota de repúdio do PSDB (clique aqui) ao Congresso da Internacional Socialista ocorrido em 2003 em São Paulo.

Na nota o PSDB deixa claro ter feito por merecer a sua participação no Congresso, logo, através da nota, confirma que segue os ideias da Internacional. Também a critica que é feita a Lula sobre a afirmação que ele fez de que não era de esquerda, demonstra claramente que o PSDB é de esquerda e não precisa de jogo de palavras para esconder isso. A nota deixa claro ainda que a coragem do PSDB em assumir a sua posição deveria ser levada em consideração pelos organizadores da Internacional. Outro ponto é o uso da expressão "progressista" em substituição a "socialista".

Se ainda houver dúvida sobre o teatro que é a oposição do PSDB, nada melhor do que a entrevista de FHC em que ele afirma, claramente, que a luta contra o PT não e ideológica! Basta ler a entrevista publicada no próprio site do PSDB (clique aqui) e refletir seriamente sobre essa mesma visão ideológica.

Algo que também chama a atenção é que, enquanto o PSDB não compreende bem o veto a sua participação no Congresso (ainda mais por ser e querer ser uma espécie de animal adestrado da Internacional, confirmando ainda que o PDT faz parte da Internacional) questiona a efetiva participação do PT no Congresso, por ele ser apenas um "observador" e deixar claro não querer ser um animal adestrado pela Internacional.

No livro "Notas sobre a política internacional do PT" de Valter Pomar, fica muito claro que o PT se posiciona contra uma direção central para o movimento comunista no mundo, defendendo a ideia de "pluralidade" e a ênfase latino-americana. Preste atenção na atuação ramificada do partido (não escrevo "p" maiúsculo) e como se deixa claro que o Fórum Social Mundial nada mais é que um movimento de esquerda.

"Outro traço de nossa política internacional é a ênfase latino-americana. Embora tal tradição já estivesse presente antes, o latinoamericanismo ganhou mais força e organicidade a partir da fundação, em 1990, do Foro de São Paulo.

Claro que o PT assiste as mais variadas reuniões partidárias, em todo o mundo, como as convocadas pela Conferência Permanente de Partidos Políticos Progressistas da América Latina (Coppal) e pela Internacional Socialista (sendo que não somos membros, nem mesmo observadores oficiais na IS). Mas nossa prioridade regional é a América latina; e nosso espaço privilegiado de debate e articulação é o leque de partidos que integra o Foro de São Paulo, no qual somos encarregados da Secretaria Executiva.

Além das relações mantidas pelo próprio Partido, o PT tem estimulado relações bilaterais e multilaterais através do Foro de São Paulo, como é o caso do intercâmbio com o Partido da Esquerda Européia, o Grupo Parlamentar da Esquerda Européia e os integrantes da Autoridade Nacional Palestina. Achamos que esse método potencializa a região (e não apenas nosso Partido e governo); e acreditamos que o aprofundamento de relações inter-regionais é mais realista e produtivo, do que a tentativa de criar novas organizações que sejam ou se pretendam mundiais.

...O potencial da esquerda latino-americana é confirmado, ao longo dos 1990 e adiante, com o surgimento do Foro de São Paulo; a gestação do Fórum Social Mundial; e a eleição de presidentes progressistas e de esquerda, deste 1998 (Hugo Chávez) até 2009 (Maurício Funes)." páginas 12 e 13.

Agora a nota do PSDB. Ao final deixo o texto em imagem.

Só a ignorância pode explicar – sem, no entanto, justificar — o sectarismo presente à organização do XXII Congresso da Internacional Socialista, que acontece em São Paulo na próxima semana. O encontro deixou de lado forças representativas do campo progressista brasileiro, em especial o PSDB, numa demonstração de manipulação partidária, oficialismo e desconhecimento de nossa realidade política que é de causar vergonha aos que, ao longo da história, empunharam as bandeiras nobres da Internacional Socialista.

A clara perda de representatividade para o evento no plano nacional é resultado direto da simbiose entre um partido que não se cansa de mostrar tentações totalitárias e uma Internacional Socialista cujo comando se mostra, no mínimo, manipulável.

Estamos falando do PT, legenda de traço conservador indisfarçável, patente nas alianças que mantém com as piores oligarquias, no uso do marketing mais populista, no desprezo por conquistas sociais como o reforço das verbas para a saúde pública, no desrespeito a princípios básicos de proteção ao meio ambiente, na burla à ética pessoal mais óbvia que se exige do administrador público, no aparelhamento desenfreado da máquina estatal. Nada disso, nem a oportunista declaração do presidente Lula de que nunca foi de esquerda, impediu o PT de ser elevado à condição de anfitrião do congresso de São Paulo.

Com a agravante de que o ideologicamente vacilante Partido dos Trabalhadores é apenas observador na Internacional Socialista e assim irá se manter. Ao PDT, membro efetivo da organização, não foi dada a condição de atuar como anfitrião. É bom lembrar: o PDT hoje está longe do poder central.

Que interesses fizeram com que a organização do congresso, capitaneada pelo secretário-geral Luis Ayala, se permitisse envolver pelo canto de sereia do PT-governo? Chileno, Ayala deve ter conhecimento sobre os tantos quadros progressistas brasileiros — boa parte hoje do PSDB, mas também em outros partidos – que respaldaram e apoiaram seu povo contra a tirania de direita que assolou seu país. Procurando boa-fé, acreditemos que o viés sectário e chapa-branca do encontro de São Paulo é resultado de mera ignorância sobre o contexto político brasileiro ou fruto de incapacidade de fazer julgamentos ideológicos minimamente consistentes.

O fato é que, depois do ocorrido, expressões como representatividade, justiça, igualdade e, sobretudo, democracia, terão um pouco menos de significado cada vez que forem pronunciadas neste Congresso da Internacional Socialista.

José Anibal.

O site Spotniks traz três artigos muito esclarecedores sobre a a "oposição" do PSDB.

1 - 10 coisas que você não sabia sobre a relação entre PT e PSDB.

2 - 7 razões para você entender por que o PSDB não é um partido de direita.

3 - Ter o PSDB como oposição só interessa a um grupo de pessoas: os petistas.

Para finalizar recomendo ainda dois textos. No primeiro uma reflexão sobre o cenário da eleição presidencial de 2014, em que o candidato do PSDB, Aécio Neves, de certa forma foi o símbolo do sentimento de desgosto com a esquerda no país. Obviamente naquele momento ainda não tinha muito claro o teatro político que o PSDB faz. No segundo um trecho de livro de Olavo de Carvalho e uma reflexão sobre a Rede Sustentabilidade de marina Silva.

1 - Mais do mesmo.

2 - Mais do mesmo. Parte 2.

Allan Roberto Regis.

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