'/> ·ï¡÷¡ï· V I D A Humana·ï¡÷¡ï·: A militância e o "golpe" contra o PT.

maio 29, 2016

A militância e o "golpe" contra o PT.


Quero deixar por aqui algumas considerações sobre o processo de impeachment, Michel Temer, o "golpe" anunciado pela militância de esquerda e a afirmação de que não existe "golpe" feita por aliados do governo.

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Impeachment? E daí?

Sinceramente, não vejo mudanças de valor com a saída ou permanência de Dilma com relação as estratégias da esquerda de uma forma geral, e do PT em particular. No fim as contas não apenas o partido, mas toda a esquerda parece mais um gigantesco camaleão. As únicas coisas que o processo de impeachment conseguiu, para mim , foram:

1 - Desviar um pouco o foco da lava-jato.
2 - Calar a boca da massa que tanto gritava pelo impeachment.
3 - Dar um refresco para a própria Dilma e para o Lula, pois o alvo das manchetes agora é o Temer.
4 - Fazer surgir dois cenários ridículos.

4.1 - O primeiro diz respeito aos próprios militantes da esquerda, que ao criticarem Temer esquecem que votaram na Dilma sabendo que ele era o vice!!! E que é função do vice assumir em caso da vacância do cargo. Mas, aqui é importante lembrar há quanto tempo o PT vem desenvolvendo uma estratégia para anular a atuação do vice-presidente. E como essa tentativa faz coro as menções de Lula para que aconteçam novas eleições atualmente e ainda nos brinda com o espetáculo cômico que é o discurso do PT acusando seus agora desafetos de "traidores", quando ele próprio foi o primeiro a trair.

CCJ do Senado aprova proposta que impede vice de suceder presidente. – 2010

 CCJ aprova emenda que retira do vice-presidente da República condição de sucessor

 Linha sucessória da Presidência: quem assume em caso de impeachment?

4.2 - O segundo diz respeito aqueles que não votaram no PT (logo, não votaram em Temer também) e que agora aplaudem entusiasmados Michel Temer... De repente, aquilo que foi rejeitado se tornou uma esperança de melhoria até mesmo entre os opositores. Tudo gira em torno de uma melhora econômica. Ora, se o foco for apenas econômico, até o Lula, mesmo roubando, não foi tão ruim assim.

É claro que aqui deixo apenas uma impressão pessoal baseada naquilo que para mim, até o momento, se mostra como mais próximo da verdade.

A maior parte das pessoas que pediram o impeachment não sabe mais o que fazer. A maior parte sequer está atenta a gravíssima questão da juristocracia, e ela é importante para que se entenda o discurso de Teori Zavascki e Dias Toffoli de que não há golpe no Brasil. De que nossas instituições são sólidas! Estão vendendo uma ideia com a qual vão enforcar todos nós!

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A militância e o "golpe" contra o PT.

Chega a dar pena ver a confusão em que se encontram as militâncias de esquerda atualmente. Enquanto repetem até a náusea que está em andamento no Brasil um golpe contra Dilma Roussef, os grandes aliados do governo defendem justamente o contrário, que não existe golpe algum no processo de impeachment . (1) (2) (3) (4) (5)

Mas como para essa gente 2 + 2 pode ser 5 ou 17, nunca 4, faz bem lembrar quem, afinal de contas, são os ministros que estão no STF, e quem os nomeou.

No site do Supremo Tribunal Federal temos acesso ao histórico de todas as indicações de ministros feitas por todos os presidentes brasileiros. (6) Curiosamente, aquele que o PT gosta de chamar de "oposição", o FHC, nomeou 3 ministros em 8 anos. Lula nomeou 8 ministros em 8 anos.Dilma até o momento nomeou 5 ministros.
A formação atual do STF é a seguinte. (
7)

Ministro Ricardo Lewandowski - Presidente
Ministra Cármen Lúcia - Vice-Presidente
Ministro Celso de Mello - Decano
Ministro Marco Aurélio
Ministro Gilmar Mendes
Ministro Dias Toffoli
Ministro Luiz Fux
Ministra Rosa Weber
Ministro Teori Zavascki
Ministro Roberto Barroso
Ministro Edson Fachin

Dessa formação quantos foram indicados diretamente pelo PT?
8 foram indicados diretamente pelo PT!
Por Lula: Ricardo Lewandowsk, Cármen Lúcia, Dias Toffoli.
Por Dilma: Luiz Fux, Rosa Weber, Teori Zavascki, Roberto Barroso, Edson Fachin.

Se com tudo isso alguém ainda acredita piamente que o próprio processo de impeachment não faça parte de uma estratégia maior, muito mais ampla, que mostra também através daquilo que se delinea para o futuro o enorme aparelhamento do Estado (8) (9), não vai conseguir relacionar as profundas implicações da juristocracia (10) com o discurso dos ministros do STF (aqueles que foram colocados lá pelo PT), quando agora defendem a força das instituições brasileiras utilizando o discurso de que o impeachment não é golpe.

O que vemos hoje é, a meu ver, mais fruto de uma divisão interna mal administrada do que fruto da atuação de pessoas como nós, os de "oposição ao governo".

Para Murillo Aragão "De forma incansável, Dilma destruiu todas as pontes com o mundo político. Destruiu, também, o software político do lulismo e o substituiu por coisa nenhuma. Nem mesmo a oposição seria capaz de tamanha proeza: destruir, ao mesmo tempo, o mito Lula e seu modelo de fazer política."

Ainda que em 13 de novembro de 2014 Marta Suplicy tenha afirmado que o PT não estava dividido (11), em 11 de janeiro de 2015 ela mudou radicalmente o discurso. (12) Agora ela dava nome aos bois. Aloizio Mercadante era 'um inimigo" , o presidente da sigla Rui Falcão, 'um traidor, a presidente Dilma Rousseff ('não ouve') e o próprio PT ('ou muda ou acaba'); sobrou até para o ex-presidente Lula, que, segundo Marta, não teria tido coragem para peitar Dilma e voltar em 2014... No entanto existe quem defende que "pouco importa que tendências integrem o partido: 'as cúpulas de ontem, de hoje e do futuro são todas lulistas'". Lulista, não petistas! (13) (14)

O único fato é que a divisão existe. (15) (16)

Mas, se por acaso alguém ainda tiver a tentação de não acreditar deixo abaixo trecho do artigo "Como superar os males do lulismo?".

Os partidos e movimentos sociais populares de esquerda só serão respeitados pelos trabalhadores e pelo povo brasileiro quando se livrarem da influência do lulismo, quando criticarem abertamente as práticas adotadas pelo conglomerado lulista, quando, enfim, cessarem de vez com o endeusamento de uma liderança que abandonou há muito tempo o seu compromisso com a classe trabalhadora. O futuro sem lulismo é restauração e renovação do protagonismo coletivo dos que apostam na verdadeira transformação social. (17)

Nós precisamos delinear muito bem a nossa oposição, caso contrário, seremos apenas idiotas úteis a favor daquilo que criticamos.

Allan Roberto Regis.

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